Uma árvore de grande porte, localizada dentro de um condomínio da Avenida Plínio Brasil Milano, na esquina com a Andaraí, no bairro IAPI, zona norte da Capital, tombou na madrugada desta quarta-feira. Junto com a planta, fios da rede de energia elétrica foram derrubados, um poste de concreto se quebrou e outros caíram. Além disso, um curto circuito deu origem a um incêndio.
– Caiu de maduro – afirmou o oficial aposentado das Forças Armadas Yuri Sazza, 49 anos, que disse que os moradores tentam há anos autorização para remoção do vegetal, que teria mais de 70 anos.
O incidente, que ocorreu por volta das 3h desta quarta-feira, não deixou feridos. Grande parte da árvore caiu sobre a Plínio Brasil Milano, provocando interdição total até por volta das 7h30min. Às 11h30min, as duas faixas do sentido bairro-centro estavam liberadas, mas o sentido oposto seguia interditado. Por volta das 15h, havia uma faixa liberada em cada sentido, enquanto seguiam os trabalhos de remoção. Às 17h30, o trânsito no sentido centro-bairro foi liberado, prosseguindo o bloqueio, em uma faixa, no sentido contrário.
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A parte da planta que caiu dentro do condomínio atingiu três carros de moradores.
– Eu ouvi um barulho muito forte de coisa quebrando, caindo. Abri e janela e comecei a ver a árvore de quebrar. Meu carro estava ali embaixo, e só pude ficar vendo, esperando ele ser destruído– conta a personal trainer de 36 anos Bianca da Silva Motta.
Estacionado no pátio, que não tem cobertura, o Pálio 2014 foi engolido pela árvore e, até as 7h, a moradora não tinha conseguido vê-lo.
– É meu único carro, meu meio de trabalho, porque atuo em todos os pontos da cidade. Agora estou ilhada em casa – lamentou a personal trainer.
Segundo os moradores, a Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Smam) não deu autorização para que os condôminos realizassem a remoção, mas também não teria enviado servidores para avaliar a situação.
A assessoria da Smam disse que há registro de dois pedidos junto ao sistema 156: um de 2012 e, o outro de 2013. Em ambos pedidos, segundo a pasta, foi feita vistoria e autorizada a poda de equilíbrio e dos galhos secos, entretanto as autorizações não foram retiradas. O sistema FalaPoa comunica por e-mail ou manda carta avisando das orientações ao requerente. Desde lá, nenhuma nova solicitação foi protocolada, conforme a secretaria.
Sobre as causas da queda, a secretaria diz que o laudo técnico de vistoria indicou "quebra na parte superior do tronco, próximo a região de inserção de ramificações primárias, provavelmente em função do acúmulo de umidade decorrente das últimas chuvas e rajadas de vento". No entanto, reitera que "não é responsável, pois o vegetal encontra-se em área interna".
O morador Yuri Sazza diz que não sabe detalhes dos pedidos encaminhados à Smam, mas critica a burocracia e a falta de ação por parte do governo municipal.
– Se a árvore existe há mais se 70 anos, já não era para ela não estar mais ali. Para isso existe uma secretaria especializada, para mapear, monitorar e vistoriar árvores em toda Porto Alegre, e não para um cidadão estar correndo atrás de solicitação e protocolo. Não foi a primeira árvore que caiu e nem será a última – disse ele.
A Smam confirma que trata-se de uma guapuruvu (schizolobium parahyba), espécie de árvore de grande porte, de madeira mole, de crescimento rápido dependendo de onde está localizada e de galhos pesados. Por essas características, "não é espécie adequada a espaços urbanos, salvo em áreas mais abertas como em parques ou praças", diz o órgão.