Ainda muito abalados pela tragédia, os familiares das vítimas acompanham o andamento do inquérito criminal movido pela Polícia Civil e da ação civil pública movida pelo Ministério Público do Paraná apenas pela imprensa.
Nenhuma associação foi criada e não há representantes legais do grupo.
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- Não há nada que os traga de volta. A gente está levando a vida, tentando se recuperar. O motorista também morreu. O que a gente pode fazer? - disse na tarde da última quinta-feira, por telefone, Rosi Vieira, que perdeu duas pessoas da família no acidente (Sônia Regina Vieira e a filha dela, Lariana Regina Vieira).
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Eva Marques, que teve um irmão e um cunhado mortos no acidente, afirmou que a família está inconsolável, ainda sofre muito só de falar da tragédia e que, por isso, todos preferem não comentar muito sobre os resultados dos laudos.
- Para a gente, não vai mudar nada. Não tem como voltar atrás - disse.
Maria Gaia, mulher do motorista Cérgio Antônio da Costa, afirmou por telefone que o marido dela não queria continuar a viagem após identificar os problemas mecânicos e teria sugerido a volta. Segundo a viúva, que também perdeu o filho de 12 anos na tragédia, o marido não bebia para dirigir e cuidava muito bem das condições dos ônibus da empresa Costa & Mar. Ela disse que vai pedir ao advogado da família para ter acesso a todos os laudos e ao inquérito.
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Delegado sugere arquivamento do processo
O grupo que saiu de Porto União e União da Vitória na noite de sexta-feira, por volta das 22 horas, deveria ter chegado no começo da manhã na praia de Guaratuba, no litoral paranaense. Porém, o ônibus com capacidade para 33 pessoas estragou no caminho, entre Mafra e Rio Negrinho, no Planalto Norte, e isso obrigou todos a esperarem por outro veículo para fazer o trajeto.
Além do ônibus com 33 lugares, uma van levava outra parte do grupo. O ônibus que substituiu o veículo quebrado não tinha as licenças necessárias e, segundo o delegado Brasil Guarani dos Santos, não havia qualquer problema com a van. O grupo todo trocou o veículo pequeno e a van por um ônibus com 51 lugares, fabricado em 1988, que acabou caindo na serra.
O delegado reforçou na entrevista que muitas mortes poderiam ter sido evitadas se os passageiros estivessem usando o cinto de segurança.
- É uma pena que a nossa legislação permita que ônibus mais antigos não tenham cinto de segurança. Se estivessem com o cinto, certamente mais pessoas teriam sobrevivido ao acidente - afirmou.
No inquérito policial, que tem três volumes, há mais de 60 laudos - 51 para apurar a causa das mortes (praticamente todos morreram por politraumatismo, informou o delegado); oito de lesões corporais (exames feitos nos sobreviventes); um toxicológico e outro de dosagem alcoólica (ambos feitos no corpo do motorista); além de laudos mecânicos do ônibus e a perícia do local do acidente.
Com base em todo o material, o delegado sugere o arquivamento do inquérito policial. Os três volumes deverão ser avaliados também pelo Ministério Público de Santa Catarina. A expectativa é de que a Justiça se manifeste sobre o caso em cerca de 30 dias, definindo assim pelo arquivamento ou não do inquérito.
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