A Petrobras promoveu, no fim do ano passado, dois reajustes no valor do asfalto que produz, que somam uma alta acumulada de mais de 30%. O reajuste já se reflete em paralisação de obras e demissões em todo o país.
No Rio Grande do Sul, o projeto mais emblemático que está parcialmente parado é a duplicação de mais de 200 quilômetros da BR-116, entre Guaíba e Pelotas.
Como o asfalto é a principal matéria-prima da massa asfáltica, usada na camada superior da pavimentação de vias públicas, devido ao aumento, todos os trechos que chegaram na fase de revestimento asfáltico estão paralisados. De acordo com o Sindicato da Indústria da Construção de Estradas, Pavimentação e Obras de Terraplanagem do Estado (Sicepot-RS), dos nove lotes da obra, pelo menos seis já foram afetados.
- Vamos continuar paralisados e paralisando outros trechos até que a situação se resolva e o Dnit reajuste o preço pago às construtoras - afirma o presidente da entidade e proprietário de uma das empresas responsáveis pela duplicação, Nelson Sperb Neto.
Apenas serviços que não dependem do produto, como terraplanagem e pavimentação com brita, estão sendo executados.
- Não podemos pagar para trabalhar - acrescenta.
Ainda conforme Sperb, a estimativa do sindicato é de que cerca de 5 mil funcionários tenham sido demitidos pelas construtoras no Estado nos últimos meses. O valor representa 25% do total da mão de obra direta empregada no setor.
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Até o momento, segundo o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), 50% das obras na BR-116 já foram concluídas. Conforme o cronograma de início dos serviços de cada lote, a expectativa do Dnit é de liberar trechos de forma experimental em alguns meses. A conclusão total está prevista para o final de 2015.
O que diz o Dnit
Superintendência gaúcha:
O Dnit desconhece qualquer paralisação nos serviços da duplicação da BR-116. O órgão salienta que a sede em Brasília já está revendo todos os contratos em andamento no país para realizar a adequação no valor do asfalto. Destaca ainda que a obra da BR-116 segue normalmente sem prejuízo ao cronograma e que a questão do asfalto será solucionada a tempo, evitando qualquer interferência no ritmo dos trabalhos.
Sede do órgão em Brasília:
Os pagamentos já estão sendo regularizados, à medida que o Tesouro Nacional está repassando os recursos, conforme a programação.