As tempestades solares causam curiosidade na população há décadas. O tema tem ganhado popularidade com cientistas apontando que os estragos de um fenômeno deste tipo na era da internet seriam ainda mais intensos do que foram em episódios passados.
O pesquisador Peter Becker, por exemplo, participa de um projeto com a Universidade George Manson e o Laboratório de Pesquisa Naval, nos Estados Unidos, que tem como objetivo criar um sistema de alerta sobre tempestades solares para a população. Ele prevê que o atual ciclo solar aumente e atinja seu pico em 2024. Com isso, há cerca de 10% de probabilidade de que, na próxima década, “algo realmente grande aconteça e possa acabar com a internet”. As informações são do jornal O Globo.
O fenômeno pode provocar danos na atmosfera e na superfície da Terra. Satélites em órbita, redes de energia elétrica, meios de comunicação (em especial a internet) e GPS são alguns dos afetados.
— A internet atingiu a maioridade durante uma época em que o Sol estava relativamente calmo. Agora, ele está entrando em uma época mais ativa. Esta é a primeira vez na história da humanidade que houve um aumento da atividade solar com tamanha dependência da internet — diz Becker.
Ciclo solar
Para entender as tempestades solares, é preciso compreender, primeiro, o seu ciclo. A cada 11 anos, o Sol realiza um período de atividade magnética, chamado de ciclo solar. Isso significa que os polos Norte e Sul se invertem, resultando em períodos de baixa e alta atividade.
O fenômeno é observado a partir da identificação de manchas solares. A cada um desses ciclos, há uma mudança no campo magnético do Sol, afetando o espaço, o clima espacial e atingindo as tecnologias da Terra.
O 25º ciclo solar iniciou em dezembro de 2019, com um aumento nas manchas solares, que deve atingir um pico máximo entre 2024 e 2025.
O que é uma tempestade solar?
As tempestades solares são produtos de reações que ocorrem no núcleo do Sol. Essas reações liberam grande quantidade de energia via fusão nuclear (união de dois átomos de um elemento para formação de um átomo de um terceiro elemento mais pesado) e ejetam partículas como prótons e elétrons, que são atraídas e acumuladas em campos magnéticos.
A grande concentração de prótons e elétrons em um campo magnético pode desencadear a tempestade solar, que se caracteriza como uma grande explosão com liberação de partículas superaquecidas. É comum que o Sol lance constantemente essas partículas, que compõe o chamado vento solar. O perigo está no crescimento abrupto e de curta duração desse fluxo — que pode atingir, inclusive, níveis comparáveis à velocidade da luz.
Quando foram as últimas tempestades solares?
Em 1859, registrou-se uma das maiores tempestades geomagnéticas da história, o Evento de Carrington. Na época, faíscas voaram de linhas telegráficas e operadores foram eletrocutados pelos fios de alta tensão. O fenômeno foi três vezes mais violento do que a última tempestade intensa registrada, em 1989.
É possível evitar as possíveis consequências?
O sistema de alertas das prováveis tempestades solares tem por objetivo avisar à população para que aparelhos eletrônicos sejam desligados e, dessa forma, não fiquem comprometidos. De acordo com Becker, "há coisas que podem ser feitas para mitigar o problema, e o alerta é uma delas", conta o cientista, que reforça a necessidade de tecnologias capazes de detectarem potenciais tempestades geomagnéticas.