Pesquisadores da Agência Espacial Norte-Americana (Nasa) revelaram, em estudo publicado nesta quarta-feira (12), na revista científica Nature, que o rover Perseverance encontrou evidências de moléculas orgânicas nas formações rochosas Máaz e Séítah, que ficam na cratera Jezero, em Marte. O material encontrado sugere que o ciclo geoquímico de formação do planeta é mais complexo do que se pensava.
A cratera de Jezero foi um lago há bilhões de anos. Entre as hipóteses mais aceitas para explicar as moléculas encontradas na região estão: interações água-rocha, redução eletroquímica de gás carbônico (CO2) ou deposição de fontes exógenas na superfície, como poeira interplanetária e meteoritos.
A análise do material foi feita com um instrumento chamado SHERLOC, que permite o mapeamento e análise detalhada de minerais de moléculas orgânicas. Ao todo, 10 amostras foram disponibilizadas pelo SHERLOC para análise, e em todas foram encontradas moléculas orgânicas.
A pesquisa também indica que essa grande diversidade de moléculas em solo marciano é muito resistente, apesar de exposta às condições nada favoráveis da superfície do planeta.
Os pesquisadores acreditam que essas moléculas são amplamente encontradas em minerais ligados a processos aquosos, o que sugere que esses processos podem desempenhar um papel fundamental na síntese, transporte e até na preservação de material orgânico.
Vale destacar que o objetivo do projeto envolve entender a formação do planeta vermelho, como também interpretar a possibilidade de Marte ter hospedado vida em algum momento.
Busca por vida em Marte
A descoberta de evidências de matéria orgânica em Marte vai ao encontro do objetivo do rover, que foi lançado ao espaço em julho de 2020, para buscar vestígios de vida no planeta vermelho.
Como os compostos orgânicos são constituídos por carbono, e esse elemento é indispensável à manutenção da vida, isso também pode ser um indicativo da existência de microrganismos ou condições favoráveis para a proliferação deles no corpo celeste.
Com os novos dados obtidos pelo robô, a equipe poderá tentar entender como foi o processo de formação do solo marciano e buscar respostas sobre a origem de matéria orgânica no planeta.