O presidente da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, anunciou nesta quarta-feira (19) que vai renunciar, depois que uma investigação gerou questionamentos sobre algumas de suas pesquisas científicas. Marc Tessier-Lavigne disse que deixará o cargo em 31 de agosto, mas que permanecerá na instituição. O neurocientista, nascido no Canadá, preside a prestigiosa universidade da Califórnia desde 2016.
A decisão acontece após a publicação das descobertas de um painel de cientistas que revisou 12 trabalhos dos quais ele era autor ou coautor. O grupo foi convocado depois que o jornal escolar The Stanford Daily expressou preocupação sobre os trabalhos científicos no ano passado.
Os especialistas concluíram que Tessier-Lavigne "não incorreu pessoalmente em má conduta de pesquisa em nenhum dos 12 artigos sobre os quais foram apresentadas acusações", mas apontou que vários desses trabalhos "apresentam manipulação de dados de pesquisa".
Na carta com o anúncio da renúncia, Tessier-Lavigne, de 63 anos, disse que o painel havia "identificado algumas áreas nas quais deveria ter feito melhor". Suas pesquisas têm como objeto doenças neurológicas como Alzheimer e Parkinson.
"A revisão do painel também identificou casos de manipulação de dados de pesquisa por parte de outros em meu laboratório", disse. "Embora desconhecesse esses problemas, quero deixar claro que assumo a responsabilidade do trabalho dos membros do meu laboratório".
"Apesar de o relatório refutar claramente as acusações de fraude e má conduta que foram feitas contra mim, pelo bem da Universidade, tomei a decisão de deixar o cargo de presidente a partir de 31 de agosto", acrescentou.
Tessier-Lavigne também assinalou que, depois da revisão do painel, se retrataria de três artigos publicados em revistas científicas e corrigiria outros dois. Antes de ser presidente de Stanford, Tessier-Lavigne foi presidente da Universidade Rockefeller em Nova York e diretor científico de uma empresa de biotecnologia.
* AFP