Devido à divulgação do filme Oppenheimer, do premiado diretor Christopher Nolan e com estreia nos cinemas brasileiros marcada para 20 de julho, as buscas pela história por trás do longa aumentaram na internet. A obra aborda a vida do químico e físico teórico norte-americano Julius Robert Oppenheimer e seu importante papel no projeto Manhattan, criado no contexto da Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Criado pelos Estados Unidos, o projeto Manhattan contou com o apoio de países europeus contrários a Adolf Hittler e reuniu diversos cientistas, engenheiros, militares e especialistas de outras áreas com o objetivo de criar a primeira bomba atômica antes dos nazistas. As pesquisas se iniciaram em 13 de agosto de 1942 e foram encerradas em 15 de agosto de 1947.
No primeiro ano do projeto, o governo norte-americano recrutou Julius Robert Oppenheimer para liderar a equipe. A escolha foi motivada devido às habilidades acadêmicas de Oppenheimer, que se formou em Química pela Universidade de Harvard. Aos 22 anos, ele concluiu o doutorado em Física Teórica, com especialização em assuntos relacionados à termodinâmica e à física quântica, que são a base para o desenvolvimento das bombas atômicas.
Em 16 de Julho de 1945, a iniciativa concluiu sua meta, ao criar a primeira bomba atômica, apelidada de Trinity. O trabalho contou com a liderança e suporte de Oppenheimer, que, nessa época, atuava como diretor do laboratório de Los Alamos, no Estado norte-americano do Novo México, onde as pesquisas e testes nucleares eram realizados.
Hiroshima e Nagasaki
Apesar do sucesso do projeto, muitos participantes da pesquisa ficaram receosos dos usos que seriam feitos dessas poderosas armas nucleares. Um dos principais temores era que as ogivas fossem usadas contra civis. O que se confirmou em agosto de 1945, quando o governo norte-americano decidiu bombardear as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki. Estimativas dão conta de que cerca de 100 mil pessoas morreram nesses episódios.
Após os ataques no Japão, Oppenheimer se sentiu parcialmente culpado e se tornou um defensor do controle internacional sobre armas nucleares, tendo, inclusive, feito campanhas e participado de protestos. Ao lado dele, outros especialistas que participaram do projeto Manhattan e civis se somaram a causa.
Entre 1947 e 1952, Oppenheimer ocupou o posto de presidente do Comitê de Assessoria Geral (GAC) da Comissão de Energia Atômica dos Estados Unidos da América (AEC). Nessa época, ele se opôs ao desenvolvimento da bomba de hidrogênio, que era uma das principais pautas.
O ativismo de Oppenheimer e seu posicionamento sobre os usos das bombas fizeram com que o governo norte-americano começasse a investigá-lo. Em audiências realizadas, o físico foi acusado de deslealdade e de representar um perigo ao país. Em razão disso, sua autorização de segurança foi revogada e houve a perda de suas conexões com o governo dos Estados Unidos.
Privado do poder político, Oppenheimer continuou a lecionar e realizar pesquisas na Universidade de Princeton. Nesse período, também começou a elaborar ideias sobre a relação entre a ciência e o seu papel na sociedade, abordando questões éticas. Ele chegou a percorrer o Japão e países europeus dando palestras sobre esse assunto.
Oppenheimer se aposentou do meio acadêmico em 1966. Um ano depois, em 18 de fevereiro de 1967, o norte-americano faleceu em decorrência das complicações de um câncer de garganta.