A Agência Espacial Norte-Americana (Nasa) divulgou nesta terça-feira (20) o resultado de um trabalho que consistiu na transformação de dados digitais de luz obtidos com quatro telescópios espaciais em som. O vídeo, que inclui o áudio gerado, está disponível no canal do YouTube da instituição.
Para obter o som, a Nasa utilizou as imagens captadas pelos telescópios Chandra, Hubble, James Webb e Spitzer. Como cada um deles tem um alcance e instrumentos ópticos distintos, foram captados diferentes tipos de luz, o que tornou o processo mais rico e complexo.
Essa não é a primeira vez que um trabalho desse tipo é produzido. Há alguns anos, a agência espacial já vem produzindo sonificações de dados astronômicos de corpos celestes. O projeto consiste em tratar os dados digitais capturados pelos telescópios, que muitas vezes são invisíveis por terem sido registrados em comprimentos de onda imperceptíveis ao olho humano, e os traduzir em notas musicais e som. Com isso, eles podem ser ouvidos e vistos.
Que imagens foram utilizadas?
O áudio produzido é resultado da sonificação das imagens do sistema estelar R Aquarii, localizado a aproximadamente 710 anos-luz de distância da Terra, obtidas pelos telescópios espaciais.
O R Aquarii é composto por duas estrelas – uma anã branca e uma gigante vermelha – que ficam na órbita uma da outra.
O que as imagens indicam?
Na sonorização do R Aquarii, divulgada no YouTube, a peça evolui como se fosse uma varredura da imagem realizada por um radar, se movimentando no sentido horário a partir da posição 12 horas.
No vídeo também é possível ver, ao centro, dados do Hubble, que estão em vermelho e azul. Eles revelam estruturas que são evidências de explosões geradas pelo par de estrelas.
Já os raios-X do telescópio Chandra mostram uma parte da anã branca colidindo com o material ao redor e criando ondas de choque.
Significado dos sons
Com relação ao som, a intensidade dele muda proporcionalmente ao brilho das fontes na luz visível do Hubble e na imagem de raios-X do Chandra. Enquanto isso, a distância do centro dita o tom musical, com as notas mais altas estando mais distantes.
Os baques profundos que vão em direção aos quatro cantos da imagem são picos de difração (passagem de uma onda pela borda de uma barreira ou através de uma abertura), que são artefatos da brilhante estrela central.
Conforme o cursor do espectador se aproxima das posições duas e oito horas, ele pode ouvir os jatos da anã branca.
Os arcos em forma de fita, que foram capturados pelo Hubble, criam uma melodia que soa semelhante ao barulho de um conjunto de tigelas de metal quando são golpeadas com um martelo, gerando sons e tons distintos. Já os dados do telescópio Chandra foram renderizados pela equipe da Nasa para que soassem como se fosse um ronronar sintético e ventoso.