A Agência Especial Norte-Americana (Nasa) lançou o foguete mais poderoso já feito para uma viagem à Lua na madrugada desta quarta-feira (16). A espaçonave Orion a bordo do foguete Space Launch System (SLS) — Sistema de Lançamento Espacial — decolou do Kennedy Space Center, na Flórida, às 01h48min pelo horário local, 3h48min pelo horário de Brasília.
A explosão de luzes e sons marcou o início do Artemis, o novo programa principal da agência espacial dos Estados Unidos. Às 4h, o foguete já havia atingido o nível da missão em que há o corte do motor principal, entrando em órbita. Artemis, na mitologia grega, é a deusa da Lua e irmã gêmea de Apollo, nome das primeiras missões da Nasa na Lua.
A transmissão do lançamento foi feita ao vivo pelo Youtube da Nasa (confira a transmissão completa abaixo). O momento também foi divulgado nas redes sociais da agência.
O lançamento acontece após quatro datas marcadas serem adiadas. A primeira tentativa de lançar o foguete do Sistema de Lançamento Espacial (SLS) com a espanave Orion foi em 29 de agosto. Por problemas mecânicos - houve vazamento de hidrogênio líquido em um dos tanques - a tentativa foi adiada. Um novo lançamento chegou a ser esperado em 3 de setembro, mas também foi cancelado, dessa vez por questões técnicas. Outra data chegou a ser escolhida, mas por conta do furacão Ian, foi cancelada dias antes.
Nesse período, o foguete voltou para os compartimentos da Nasa, passou por manutenção e novos testes e voltou para a plataforma de lançamento no Centro Espacial Kennedy, na Flórida, no dia 4 de novembro. A próxima tentativa foi marcada inicialmente para segunda (14), mas foi prorrogada para esta quarta-feira (16) em função da tempestade tropical Nicole.
Como será a viagem
A viagem deve durar 26 dias, com previsão de amerissagem (como é chamado o pouso, que nesse caso deve ser uma queda no oceano) em 11 de dezembro.
A missão Artemis 1, embora com duração menor das tentativas anteriores, deve seguir o mesmo plano: não-tripulada, ou seja, ela não conta com humanos. A ideia é viajar na órbita da Lua para coletar dados e para que as equipes possam avaliar o desempenho da nave para depois voltar ao planeta Terra. A distância de 64 mil quilômetros além da Lua e a velocidade alcançada serão testadas.
Bonecos que viajarão a bordo da aeronave também serão avaliados, para saber se o corpo humano será capaz de aguentar as mesmas condições no futuro. Eles ajudarão em testes de níveis de aceleração, vibração e radiação.
Uma espécie de escudo térmico também será colocado à prova já que, no final da viagem, passará por uma velocidade que pode alcançar 40 mil km/h e uma temperatura de 2.760ºC
Retorno
Para voltar para casa, a nave precisará de outro grande impulso somado com a gravidade da Lua. Essa manobra colocará a espaçonave em sua trajetória de volta à Terra. Para entrar na atmosfera do nosso planeta, estará viajando a uma velocidade de 11 quilômetros por segundo, produzindo temperaturas de aproximadamente 2.760ºC - mais rápido e mais quente do que a Orion já experimentou durante o voo de teste.
Após cerca de três semanas e uma distância total percorrida superior a 1,3 milhão de milhas (equivale a mais de 2 milhões de quilômetros), a missão terminará com um teste da capacidade da Orion de retornar com segurança. A espaçonave fará o pouso, chamado de amerissagem, no oceano, na Califórnia. Após a queda, o Orion permanecerá energizado por um período de tempo enquanto mergulhadores da Marinha dos Estados Unidos e equipes de operações dos Sistemas de Exploração Terrestre da Nasa se aproximam em pequenos barcos de um navio de recuperação que estará esperando. Os mergulhadores inspecionarão brevemente a espaçonave em busca de perigos e conectarão cabos de reboque, para então os engenheiros rebocarem a cápsula no convés do navio e levar de novo para as dependências da Nasa.
Próximos passos
A segunda parte, a Artemis 2, deverá contar com humanos a bordo da nave, mas eles não vão pisar na Lua. O plano seguinte prevê que eles apenas viagem na nave, sem descer dela. Essas duas etapas são preparatórias para a terceira, quando a primeira mulher, assim como a primeira pessoa negra, devem pisar na Lua.
Os planos da Nasa, depois de o homem voltar à Lua, é chegar a Marte, em 2030. A Lua servirá como uma espécie de atalho, além de ser um ponto de abastecimento dos astronautas da missão que irá para Marte. A parada também deve encurtar o tempo de viagem. O sucesso das três fases da Artemis vai ditar os planos mais ambiciosos até o planeta vermelho.