Um grupo de cientistas do Reino Unido publicou na última quarta-feira (16) na revista Science Advances a primeira análise da composição química do interior de um meteorito que caiu no sudeste da cidade inglesa de Winchcombe em fevereiro do ano passado. Com a pesquisa, que ainda está em sua fase inicial, e equipe conseguiu descobrir que no corpo celeste havia água com propriedades semelhantes à substância encontrada na Terra.
Segundo os pesquisadores, essa descoberta reforça a hipótese de que rochas espaciais podem ter trazido trazido componentes químicos importantes, como a água, para a Terra há bilhões de anos, quando o planeta ainda estava em seu processo de formação.
A análise revelou que 11% do peso do meteorito correspondia à água. Além disso, a pesquisa aponta que a proporção dos átomos de hidrogênio e oxigênio do líquido é muito semelhante a encontrada na Terra.
A equipe considera que esse meteorito é o mais importante já coletado no Reino Unido. Ao todo, são 531,5 gramas de detritos espaciais escuros que foram recolhidos de campos, jardins residenciais e calçadas em menos de sete dias após bola de fogo gigante colidir com o solo.
Os fragmentos do corpo celeste foram coletados de forma rápida e com o auxílio de luvas de borracha, em menos de 12 horas após a colisão, o que permitiu que o meteorito não conseguisse absorver uma grande quantidade de água e contaminantes. Em seguida, as partes da rocha espacial foram enviadas para o Museu de História Natural de Londres, que realizou a catalogação.
Atualmente, o museu realiza o empréstimo dos fragmentos para que o estudiosos consigam realizar pesquisas sobre o corpo celeste.
Origem, trajetória e composição química
Além da água, no interior do meteorito foram encontrados silicatos hidratados, formados a partir das reações entre o fluido e a rocha espacial com a matéria orgânica que contêm carbono e nitrogênio, além de aminoácidos de proteínas solúveis. Todos esses elementos estão presentes na Terra.
A análise da composição química do corpo celeste também possibilitou que a equipe conseguisse descobrir informações sobre a rocha espacial. Um cálculo retroativo realizado pela equipe aponta que o meteorito veio da parte externa do famoso cinturão de asteroides que fica entre Marte e Júpiter. Essa informação vai na contramão de outras pesquisas, que alegam que o meteorito se desprendeu da parte superior de uma asteroide que estava, provavelmente, em rota de colisão com o planeta.
A partir de uma análise do número de átomos presentes na amostra do fragmento, descobriu-se que o corpo celeste demorou de 200 mil a 300 mil anos para chegar ao nosso planeta.