As primeiras galáxias podem ter se formado há mais tempo do que os astrônomos estimavam, segundo observações do telescópio espacial James Webb, que está reformulando a compreensão do universo.
Os pesquisadores que usam o poderoso telescópio publicaram um artigo na revista Astrophysical Journal Letters em que documentam duas galáxias excepcionalmente brilhantes e distantes, com base em dados colhidos nos primeiros dias de operação do Webb, em julho.
A extrema luminosidade das estrelas levanta duas possibilidades intrigantes, disseram nesta quinta-feira (17) os astrônomos em uma coletiva de imprensa da Nasa.
A primeira é que essas galáxias seriam muito grandes, com muitas estrelas de baixa massa como as galáxias de hoje, e teriam começado a se formar 100 milhões de anos após o Big Bang, que ocorreu há 13,8 bilhões de anos.
Isso também significaria que se formaram 100 milhões de anos antes do que hoje é considerado o fim da chamada era das trevas cósmica, quando o universo era apenas gás e matéria escura.
Outra possibilidade é que essas galáxias sejam de estrelas da chamada "População III", que nunca haviam sido observadas, mas que, teoricamente, eram formadas unicamente por hélio e hidrogênio, antes do surgimento de elementos mais pesados.
Como essas estrelas queimavam em temperaturas extremas, as galáxias não teriam que ser tão enormes para explicar o brilho observado pelo Webb, e poderiam ter começado a se formar mais tarde.
— Estamos vendo galáxias tão brilhantes e luminosas tão cedo, que não temos certeza do que está acontecendo — disse a repórteres Garth Illingworth, da Universidade da Califórnia em Santa Cruz.
A rápida descoberta de galáxias também desafia as expectativas de que o telescópio precisaria explorar um volume muito maior de espaço para encontrá-las.
— É uma surpresa que existam tantas que se formaram tão cedo — acrescentou o astrofísico Jeyhan Kartaltepe, do Instituto Tecnológico de Rochester.
As duas galáxias definitivamente existiram entre 450 e 350 milhões de anos após o Big Bang. Uma delas, chamada GLASS-z12, é agora a luz estelar mais distante já vista. Quanto mais longe as estrelas estão, mais tempo leva para sua luz atingir a Terra, então olhar para o universo distante é ver o passado profundo.
* AFP