Um grupo formado por astrônomos oriundos da Inglaterra e da França conseguiu capturar imagens nítidas e detalhadas das superfícies das duas maiores luas de Júpiter — Europa e Ganimedes. Os registros fotográficos foram obtidos com o uso do Very Large Telescope (VLT), do Observatório Europeu do Sul (ESO, em inglês), no Chile. As fotografias e a análise dos dados coletados pelos pesquisadores fazem parte de um artigo que foi publicado em março na revista científica Planetary Science Journal.
O registro fotográfico contou com o uso de dois instrumentos, o Sphere, do VLT, e o Near Infrared Spectrometer (NIMS), que fica a bordo da sonda espacial americana Galileu. As tecnologias capturaram as imagens em infravermelho, o que aumentou a qualidade e o nível de detalhamento das fotografias obtidas.
A partir das imagens, os astrônomos conseguiram observar a quantidade de luz solar refletida na superfície das luas em diferentes comprimentos de ondas infravermelhas, o que produz o chamado efeito de refletância. Após a captura desses espectros de refletância, os pesquisadores analisaram os dados usando um modelo de computador que faz a comparação de cada espectro observado com os espectros de diferentes substâncias que foram medidas e previamente estudadas em laboratório.
Assim, foi possível descobrir e mapear a distribuição e concentração dos diferentes materiais e substâncias encontrados na superfície dos satélites naturais de Júpiter.
No perfil do Twitter do Observatório Europeu do Sul (ESO), foram divulgadas algumas imagens dos corpos celestes observados. "A Imagem da semana de hoje mostra duas das luas de Júpiter, Europa e Ganimedes, observadas com nosso VLT. Elas são do tamanho de uma moeda de 1 euro vista de três a cinco quilômetros de distância, mas com ótica adaptativa podemos ver detalhes tão pequenos quanto 150 quilômetros", diz a legenda do post.
O que foi observado
Na superfície do hemisfério anti-Joviano da Europa, que fica no lado do maior bombardeamento de gases que cercam Júpiter, foi identificada a abundância de ácido sulfúrico hidratado. Além disso, foram encontrados grãos de gelo, além de sulfatos e sais clorados.
Segundo a modelagem, pode haver uma abundância de outros tipos de sais na superfície da Europa, mas a técnica utilizada — espectroscopia de infravermelho — não permite identificar com precisão essas substâncias.
Já a observação da Ganimedes permitiu identificar que a superfície dessa lua pode ser dividida basicamente em duas partes: um terreno jovem e abundante em água e gelo e outro mais antigo, cujas composições químicas ainda são desconhecidas.
As luas de Júpiter
Júpiter, que fica a 590 milhões de quilômetros da Terra, é orbitado por 79 luas, sendo que quatro delas são as mais conhecidas: Calisto, Io, Europa e Ganimedes. Entre elas, Europa e Ganimedes são as maiores. A primeira tem o tamanho equivalente à Lua que orbita a Terra. Já a segunda, é a maior lua de todo Sistema Solar e, inclusive, maior do que Mercúrio.
A órbita dessas luas em torno de Júpiter é elíptica, o que faz com que esses corpos celestes se aproximem e se afastem do planeta à medida que giram em torno dele.
A órbita elíptica gera algumas consequências, como o fato de as luas serem "esticadas" e "espremidas" pela atração gravitacional do planeta em intervalos periódicos e o calor gerado pela fricção, que aquece o interior delas e as tornam geologicamente ativas.