Uma pesquisa publicada nessa quarta-feira (3) na revista científica Nature demonstra que cientistas conseguiram reviver células presentes em órgãos de porcos recém-mortos. O estudo da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, tem como principal objetivo buscar alternativas para o transplante de órgãos em humanos. As informações são do The New York Times.
Os pesquisadores utilizaram porcos que morreram a cerca de uma hora antes da análise. Após se certificarem da morte dos animais, constataram que os corações estavam parados e que não havia sangue circulando. Em seguida, bombearam uma solução personalizada (rica em nutrientes, medicamentos anti-inflamatórios e compostos que previne morte celular), chamada de OrganEx, nos corpos dos suínos com um dispositivo semelhante a uma máquina coração-pulmão.
Apesar dos animais não estarem mais conscientes, com a aplicação do líquido, as células que estavam aparentemente mortas "reviveram". Além disso, os corações voltaram a bater à medida que a solução circulava pelas veias e artérias.
Outro fato que surpreendeu os pesquisadores é que, além do coração, outros órgãos como fígado, rins e cérebro voltaram a funcionar. A aparência dos animais também mudou. Os porcos não adquiriram a aparência pálida e rígida comum de suínos mortos.
A equipe envolvida no estudo também testou em um grupo de porcos mortos a ECMO, máquina que bombeia sangue para os corpos. No entanto, os suínos que foram submetidos a esse experimento ficaram rígidos, os cadáveres incharam e ficaram danificados. Foi observado também que os vasos sanguíneos entraram em colapso e apareceram manchas roxas nas costas dos porcos, onde o sangue acumulava.
Com os resultados obtidos, os cientistas esperam que a tecnologia possa ser empregada futuramente para prevenir danos graves aos corações após um ataque cardíaco ou aos cérebros que poderiam ser afetados por derrames. Além disso, acreditam que a pesquisa pode contribuir com a área de transplante de órgãos.
Apesar do sucesso nos testes, Stephen Latham, bioeticista da universidade responsável pelo estudo, acredita que a tecnologia vai demorar para ser aplicada em seres humanos, pois precisa ser aprimorada.
O investimento nesse campo de estudo não é recente. O mesmo grupo já havia feito experimentos semelhantes há alguns anos com cérebros de porcos que foram mortos em um matadouro. Quatro horas após o falecimento dos animais, a equipe aplicou uma solução semelhante ao OrganEx, que foi chamada de BrainEx, e constataram que as células cerebrais foram "revividas".