Matheus Guimarães Montenegro, morador de São Vicente, no litoral paulista, foi aprovado recentemente em 28 universidades dos Estados Unidos. Para obter o passaporte nas instituições de ensino, o jovem de 20 anos enviou registros de suas habilidades no jogo eletrônico Fortnite. As informações são do G1.
Além dos registros do Fornite, Matheus teve que apresentar às universidades suas notas no Ensino Médio, que precisavam ser boas para aprovação, cartas de recomendação de professores, atividades extracurriculares realizadas e redações. Posteriormente, realizou um teste de inglês e uma entrevista na qual foi questionado sobre sua experiência acadêmica e em campeonatos de jogos eletrônicos.
O atleta de e-sports acabou sendo aprovado com bolsas de 50% a 75% nas instituições de ensino e optou pelo ingresso na Oklahoma Christian University, que ofereceu a bolsa de maior valor no curso de Ciência da Computação. As aulas iniciarão em agosto. De acordo com o paulista, desde os 10 anos ele joga por diversão e nunca imaginou que essa atividade pudesse ajudá-lo a realizar seu mair sonho: morar nos Estados Unidos.
— Foi incrível conquistar uma coisa que sonhei a vida inteira. Fiquei muito emocionado. A cada aprovação que eu recebia, me estabilizava cada vez mais — relembrou.
Matheus ficou sabendo sobre o processo necessário estudar fora no ano passado, mas desconhecia a possibilidade de utilizar habilidades em jogos eletrônicos para ingresso nas faculdades americanas.
— Só descobri mesmo no final de 2021, quando saiu uma matéria no G1 de um brasileiro que havia sido aprovado em 32 faculdades pra ser atleta de Fortnite. Chamei ele no Instagram e ele me ensinou o básico — contou em entrevista ao G1.
Segundo o paulista, no primeiro momento, ele tentou realizar uma mentoria para auxiliá-lo no processo, mas como o valor era alto (R$ 12 mil) para sua condição financeira, acabou procurando informações por conta própria. Depois, Matheus entrou em contato com as 28 instituições de ensino por meio de um aplicativo de voz para a comunidade de jogos. Segundo o jogador, a plataforma é uma forma rápida e eficaz de manter a comunicação com as universidades que aceitam habilidades de e-sports em seu processo seletivo.
Conclusão do Ensino Médio
Logo após concluir o Ensino Médio em escola pública, Matheus começou a pesquisar sobre oportunidades acadêmicas e se tornou membro de projetos que envolviam o estudo da língua inglesa.
Em 2021, na mesma época em que começou a entrar em contato com as universidades, o jovem participou do desenvolvimento de um aplicativo futurístico em um programa virtual americano. No final do mesmo ano, conseguiu aprovação no Global Citizen Year Academy, um programa virtual de liderança para jovens que buscam mudanças no mundo. Segundo o paulista, esse projeto custeava apenas 25% dos gastos e, por conta disso, ele não conseguiu participar.
Rotina
Matheus joga Fortnite de três a quatro horas por dia. Atualmente, não participa mais de campeonatos do jogo porque o computador já está velho. Outra atividade que faz parte de sua rotina é o estudo de língua inglesa, que pratica diariamente.
O atleta de e-sports também costuma fazer lives. De acordo com ele, na Oklahoma Christian University há computadores rápidos e de alta performance e, com isso, planeja voltar a transmitir suas habilidades nos jogos. No entanto, acredita que isso ficará em segundo plano — sua prioridade será conciliar a rotina de estudos e os treinos.
Campanha virtual
Apesar de ter obtido uma bolsa de 75%, o valor não garante a ida do jogador aos Estados Unidos. Por conta disso, ele lançou a campanha pelas redes sociais. Como as aulas iniciam em 1º de agosto, a meta é conseguir US$ 16.503 (cerca de R$ 85 mil) até 28 de julho.
O dinheiro arrecadado será utilizado para custear o restante do curso, além de moradia, alimentação, plano de saúde e o visto de estudante.