Se a expressão "bate e volta" está associada a uma viagem de curta distância, para destinos próximos, o mineiro Victor Hespanha mostrou que esse conceito não é exatamente verdadeiro. Afinal, é possível ir e voltar do espaço em apenas 10 minutos — foi esse o tempo que o engenheiro de produção de 28 anos levou no voo NS-21 , realizado no último sábado (4) e que o consagrou como o primeiro brasileiro a fazer turismo espacial.
— Foi incrível. É difícil de falar, difícil detalhar. É algo único. Muita pessoas (estão) perguntando como foi quando fica em gravidade zero. São sensações que eu nunca tinha tido parecido. Todo percurso foi coberto de muita expectativa e até ansiedade, porque é de fato um feito histórico pra mim era uma coisa irreal, foi um sonho realizado aos poucos. Então eu era com certeza o mais emocionado ali da tripulação, com o coração a a mil — relatou Victor em entrevista ao Gaúcha +, da Gaúcha, nesta quinta-feira (9).
O brasileiro recebeu a oportunidade da viagem por meio de um sorteio, do qual participou com ao adquirir um NFT (token não fungível) pela primeira vez, usando criptomoedas — um investimento de R$ 4 mil em cada NFT, totalizando R$ 12 mil— pela Crypto Space Agency (CSA).
— Eu entrei em um projeto muito embrionário, então eu concorri com relativamente poucas pessoas. Foram 160 pessoas. Estatisticamente falando, (a chance) é muito mais alta do que uma Mega-Sena — compara.
Dos 10 minutos de viagem, Victor destacou o tamanho do nosso planeta em relação ao restante da galáxia, o "clarão" da lua e descreveu a atmosfera como se fosse "uma casquinha de ovo em volta da Terra"
— De dia, aqui, a gente olha para o céu e acha que é infinito o azul. Na verdade, o azul é uma camada que sustenta a gente em oxigênio. Então, eu senti a sensação de como a gente é vulnerável, como que Deus cuida mesmo da gente, parece a sensação que uma hora esse oxigênio vai acabar de tão pequeno (...) Foi muito forte para mim, muito impactante.
Espaço para todos
Embora considere o assunto ainda "distante" no Brasil, Victor afirma que tem uma expectativa positiva em relação ao desenvolvimento espacial e deseja que mais pessoas tenham a mesma oportunidade, uma vez que, de acordo com ele, a tecnologia tem barateado o acesso para a população em geral. O engenheiro compara o turismo espacial com o voo de avião, que atualmente é acessível para uma maior camada da sociedade em comparação à época de sua criação.
— Toda inovação tecnológica começa com um nicho específico. Geralmente são sim pessoas que têm o maior poder aquisitivo, mas quando você desenvolve e fomenta o tema, eu tenho convicção de que isso vai se tornando mais barato, cada vez mais acessível, e esse programas vão ser mais normais.