Após cerca de seis horas fora do ar, WhatsApp, Instagram e Facebook voltaram a funcionar por volta das 18h45min desta segunda-feira (4). Além do app, a versão web também sofreu problemas para conectar com o aparelho celular. Durante a pane, Mark Zuckerberg, proprietário das redes, teve uma perda estimada de US$ 5,9 bilhões em sua fortuna pessoal.
Por volta das 17h, a empresa disse que problemas com a rede causaram a pane global. "Nossas sinceras desculpas a todos os afetados pela interrupção dos serviços do Facebook neste momento. Estamos passando por problemas em nossas redes e nossos times estão trabalhando para resolver essa situação o mais rápido possível", escreveu Mike Schroepfer, CTO do Facebook, no Twitter.
Especialistas cogitam que problemas nos servidores DNS (que convertem os nomes dos domínios em endereços IP) de Facebook, Instagram e WhatsApp levaram à queda do serviço.
"O Facebook e suas propriedades relacionadas desapareceram da internet em uma enxurrada de atualizações do BGP (sigla em inglês para Protocolo de Porta de Entrada)", tuitou John Graham-Cumming, diretor de tecnologia da empresa de web Cloudflare.
Ele acrescentou que minutos antes de os serviços serem desconectados, houve "muitas (...) mudanças (principalmente retiradas de rota)".
A indisponibilidade do Facebook afeta também outros serviços, como jogos em rede, que utilizam a conta da rede social para realizar a conexão.
A possibilidade de um ataque hacker foi descartada por ora.
— É difícil criminosos terem sucesso invadindo uma empresa como o Facebook, que está na vanguarda da tecnologia e não brinca com segurança digital — diz Vivaldo José Breternitz, professor da faculdade de computação e informática da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Com a queda, as ações do Facebook também caíram. Embora outras empresas de tecnologia também tenham visto o movimento, a retração do Facebook é maior. A rede social chegou a ter queda de 5,3%, mas fechou o dia com redução de 4,89%, a maior desde novembro do ano passado. A queda ocorre numa onda de retração das ações de empresas de tecnologia, mas a rede de Zuckerberg ficou abaixo do patamar das concorrentes, que viram reduções no valor dos papeis de 2,8%.
No momento da pane nos aplicativos da empresa, Antigone Davis, chefe de segurança do Facebook, estava em uma entrevista ao vivo para o canal americano CNBC. A executiva estava participando de um programa para falar sobre as pesquisas internas da companhia, que foram vazadas ao longo das últimas semanas, e defender os algoritmos que regiam as plataformas.
Desde que o jornal americano Wall Street Journal revelou apresentações de pesquisas do Facebook sobre saúde mental de adolescentes — e como a empresa tinha conhecimento de que seus algoritmos ajudavam em fatores como depressão e ansiedade — a companhia de Zuckerberg tem estado na linha de frente de um escândalo. No último dia 30, Antigone foi até o Senado prestar depoimento em uma investigação sobre a proteção de crianças nas redes sociais. Na próxima terça-feira (5), quem vai comparecer à Corte é Francis Hauger, ex-funcionária responsável pelo vazamento das pesquisas.
— Problemas técnicos prejudicam a imagem do Facebook, que está especialmente desgastada nessas últimas semanas. Essa queda é um arranhão na imagem do Facebook de superpoderoso da tecnologia, mas não creio que isso vá fazer os produtos do Facebook perderem força. No caso do WhatsApp, por exemplo, as pessoas já usam amplamente o aplicativo no Brasil, até para assuntos de trabalho, e não devem abandoná-lo tão rápido por outra plataforma. Até porque esse problemas similares de instabilidade acontecem com plataformas de todos os tipos, inclusive apps de bancos — diz Vivaldo José Breternitz, professor da faculdade de computação e informática da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Integração de plataformas
Em junho passado, houve uma queda de 10 minutos no WhatsApp e no Instagram. Antes, em março, os dois serviços e o Facebook também ficaram fora do ar por cerca de 50 minutos. No ano passado, as últimas instabilidades foram reportadas em julho e setembro de 2020. Antes disso, em maio, uma falha centralizada na América Latina impossibilitou a execução de funções básicas como envio de mensagens, comentários e realização de publicações nos três serviços. Em março daquele ano, as redes sociais do grupo chegaram a ficar fora do ar por quase 24 horas depois de mudanças nas configurações dos servidores da companhia.
Com a maior integração entre as três plataformas, é comum que todos os serviços da empresa passem por instabilidade de maneira conjunta.
Entre especialistas, corre a especulação de que parte dos problemas frequentes tem sido causados pelo plano de integração entre WhatsApp, Instagram e Facebook Messenger, que foi anunciado em janeiro de 2019 e que teve início em 30 de setembro de 2020 com a integração do Facebook Messenger e Instagram. O recurso irá permitir que as pessoas se comuniquem de um mensageiro para o outro, sem trocar de aplicativo.
O Instagram também busca estar mais integrado ao WhatsApp. O aplicativo já testa um botão que levará o usuário diretamente a uma conversa no WhatsApp. Antes, o Instagram permitia que os usuários conversassem apenas dentro do próprio app, por mensagem direta. Anúncios do Instagram também terão integração com o WhatsApp.
Choro e Piada
Nas redes sociais, diversos usuários brincaram com o problema e recorreram ao restante da internet para descobrir a origem do problema. Com mais de duas horas de duração, até o Twitter fez piada com a queda dos apps.