O grupo de cientistas da Agência de Exploração Aeroespacial do Japão (Jaxa, sigla em inglês) anunciou que pretende trazer amostras de solo de Fobos – umas das luas de Marte – para que, por meio de análise desse material, seja possível compreender melhor a origem das duas luas marcianas – Fobos e Deimos - e o processo de evolução da bioesfera de Marte. De acordo com a agência nipônica, entender o mecanismo deste sistema é uma das chaves para resolver os mistérios da formação planetária no sistema solar. A expedição japonesa será lançada em 2024 e seu retorno está previsto para 2029, antes dos concorrentes China e EUA.
Em 2020, esses dois países lançaram exploradores em Marte, mas o objetivo dessas nações é diferente, eles buscam encontrar pistas da origem do planeta vermelho e possíveis vestígios de vida atual ou passada.
Na missão, um orbitador será colocado em torno de Fobos para coletar dados científicos. Após a observação desta etapa e da coleta de amostras, a nave espacial retornará à Terra com a amostra de 10g de material coletado de Fobos. Conforme a Jaxa, o explorador pousará em Fobos, em 2025, e seu retorno está previsto para 2029, enquanto os EUA devem voltar em 2031 e a China, por sua vez, em 2030.
Na expedição, os japoneses investigarão se as luas marcianas são asteroides capturados ou fragmentos que se aglutinaram após um impacto gigante com Marte e pretendem ainda adquirir novos conhecimentos sobre o processo de formação do planeta vermelho e dos demais. Além disso, buscarão esclarecer os mecanismos que controlam a evolução da superfície das luas de Marte e do próprio planeta vermelho.
Em entrevista para a Associated Press, agência de notícias dos EUA, os cientistas japoneses acreditam que o solo em Fobos seja uma mistura de material da própria lua e que 0,1% de toda essa composição seja oriunda de Marte, mas que foi espalhado por tempestades de areia até chegar em Fobos. Ao coletar amostras de diferentes locais desta lua, os pesquisadores acreditam que aumentam as chances de se obter possíveis vestígios de vida de Marte. Porém, eles pontuam que as formas de vida que podem ter chegado até Fobos estarão mortas devido à radiação solar e cósmica da dessa lua de Marte.
Em dezembro passado, uma sonda Hayabusa2, da Jaxa, trouxe de volta mais de 5g de solo do asteroide Ryugu, a mais de 300 milhões de quilômetros da Terra, no primeiro retorno bem-sucedido do mundo de uma amostra de asteroide.