Desde 2017, o Sol não tinha uma explosão solar tão poderosa como a registrada no final da manhã do último sábado (3). Batizada de AR2838, a mancha solar teve duração total de 15 minutos e chegou a interferir – brevemente – nas ondas de rádio da Terra.
Vídeo da Nasa mostra atividade solar na última década
A Nasa divulgou em vídeo no formato de time-lapse que registra as mudanças na superfície do Sol ao longo dos últimos dez anos. As imagens, capturadas do Sol a cada hora, na última década revelam como a atividade solar muda com certa regularidade. Para fazer a imagens a Nasa utilizou seu satélite Solar Dynamics Observatory.
Essas explosões são eventos normais e corriqueiros. Elas acontecem nas manchas solares – zonas mais frias na superfície do astro – e têm intensos campos magnéticos que saem da estrela. Através das linhas do campo magnético solar, matéria e energia são levadas para as camadas externas do Sol. Quando há liberação súbita de energia armazenada nesses campos magnéticos nas camadas externas ou na atmosfera solar, ela se rompe e ocorrem as explosões solares, explica Daniela Pavani, professora do Departamento de Astronomia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
— Se a energia e a matéria contidas nessa mancha forem significativamente intensas e estiverem voltadas para a Terra, elas acabam interagindo com nosso campo magnético. E isso é normal. Mas é preciso estudar o Sol, acompanhar o que acontece com ele, porque temos muitos satélites em órbita. E uma explosão poderosa pode afetar a atmosfera na camada por onde orbitam os satélites de GPS e de comunicações, que foi o que ocorreu com as ondas de rádio dessa vez — afirma.
A explosão registrada no fim de semana foi de classe X, o tipo mais forte de erupção solar, que, quando direcionada para a Terra, pode colocar em perigo astronautas e satélites no espaço, bem como interferir nas redes de energia no planeta. O fenômeno foi classificado como X1.5 e foi o primeiro do gênero registrado no atual ciclo solar, iniciado em 2020 e que tem duração de 11 anos.
Daniela explica que a parte externa da atmosfera da Terra foi ionizada, e isso provocou um blecaute nas ondas curtas de rádio no sábado. Porém, a professora da UFRGS pontua que a maioria das explosões solares não é sentida por nós:
— Esse evento interagiu com o campo magnético terrestre na parte externa, na magnetosfera, mas isso, geralmente, acontece. O diferencial, desta vez, é que a interação ocasionou um blecaute na emissão de ondas de rádio na Terra. Porém, não houve mudança ou inversão do campo magnético da Terra. O caso mais grave recente de explosão solar já registrado aconteceu no Canadá, em 1989, que deixou sem luz toda a cidade de Quebec.