Em meados de agosto passado, cientistas da Nasa notaram que o campo magnético da Terra era mais fraco em um determinado ponto. Essa região tem aumentado de tamanho e está começando a se repartir em dois. Agora, especula-se que esse fenômeno, batizado de Anomalia do Atlântico Sul, seja provocado por duas bolhas de material deixado por um antigo planeta que caiu na Terra muito tempo atrás. As informações são dos sites Business Insider e Tecmundo.
Antes de tudo, essa anomalia acontece na região homônima do nosso planeta e ela pode causar curto-circuito em satélites, computadores e espaçonaves, ao deixar as regiões da América do Sul e o sul do Oceano Atlântico mais expostas às partículas energéticas emitidas pelo sol. Isso é possível porque o campo magnético, além de guiar as bússolas, tem a importante missão de agir como uma capa de proteção sobre a Terra para que ela não seja bombardeada pelas partículas emitidas pelo Sol.
A pesquisa que deu um passo para tentar desvendar esse mistério tem como um dos líderes Qian Yuan, especialista em geodinâmica na Universidade Estadual do Arizona. Ele sugere que essas bolhas são remanescentes de um antigo planeta chamado Theia, que atingiu a Terra na sua "infância", há 4,5 bilhões de anos. Ele pontua ao Business Insider que a expectativa é de que essas bolhas sejam milhões de vezes maiores do que o Monte Everest em termos de volume e de que os restos desse corpo celeste estejam a mais de 3,2 mil quilômetros abaixo da superfície da Terra.
Como funciona a interferência no campo magnético?
O campo magnético da Terra é gerado pelo ferro em redemoinho no núcleo externo do planeta, local em que o material mais quente sobe para o manto parcialmente sólido e é substituído por uma substância mais densa, em um processo batizado de convecção.
A questão é que na fronteira entre o núcleo e o manto, abaixo do lado sul da África, está ocorrendo uma anomalia que provoca o enfraquecimento da força do campo magnético acima dela. E o palpite dos estudiosos é de que uma das bolhas que a equipe de Yuan investiga seja a culpada pela interrupção da força do campo magnético na área sob o Oceano Atlântico.
O estudo indica que tais bolhas são entre 1,5% e 3,5% mais densas do que o resto do manto da Terra, e também mais quentes. Então, quando esses pedaços se envolvem na convecção, eles podem atrapalhar o fluxo normal de movimentação. Isso, por sua vez, pode levar o ferro do núcleo sob o sul da África a girar na direção oposta do material em outras partes do núcleo.
Teorias dissonantes
Há quem questione que a explicação para o fenômeno esteja nas descobertas de Yuan. Segundo o Tecmundo, o geofísico Christopher Finlay, da Universidade Técnica da Dinamarca, chama atenção para o fato de que a mesma fraqueza no campo magnético não ocorre acima do Oceano Pacífico, local em que está localizada parte de uma das bolhas.
Embora, por enquanto, seja apenas especulação, teorias como essa criam a possibilidade de novos estudos aprofundados, que, por sua vez, podem levar a descobertas a respeito do campo magnético que envolve a Terra e influi diretamente em nossas vidas.