O Facebook e as associações de direitos humanos estão de acordo em ao menos um ponto: que os serviços de mensagens online devem estar criptografados, sem falhas ou brechas que autoridades dos países possam usar para acessar trocas privadas entre usuários em caso de necessidade.
As demandas de alguns governos de manter um acesso excepcional a serviços como a plataforma de comunicação WhatsApp (propriedade do Facebook) "ameaçariam a segurança e a privacidade de bilhões de usuários da Internet no mundo todo", disseram especialistas e mais de cem organizações como Anistia Internacional e Human Rights Watch, em uma carta aberta divulgada nesta terça-feira (10), em que se celebra o Dia Internacional dos Direitos Humanos.
Na segunda-feira (9), o Facebook enviou uma missiva similar aos ministros dos Estados Unidos, Reino Unido e Austrália, que lhe pediram em outubro que não criptografe todas as suas plataformas sem garantir o acesso de autoridades ao aplicativo "para proteger" seus cidadãos.
Muitos políticos do mundo todo querem que o sistema de justiça de seus países recupere e-mails, mensagens instantâneas e fotos que são trocadas em redes e armazenadas em servidores, que são essenciais para as investigações penais. Mas essa solicitação é difícil de conciliar com o imperativo de respeitar a privacidade dos usuários.
O Facebook, que é criticado regularmente por não proteger suficientemente os dados confidenciais de seus usuários, prometeu criptografar sua plataforma de mensagens Messenger, como já fez com o WhatsApp.
Em outubro deste ano, em uma carta aberta ao presidente do Facebook, Mark Zuckerberg, o procurador-geral dos EUA, Bill Barr, o então ministro do Interior, Kevin McAleenan, e seus homólogos britânico, Priti Patel, e australiano, Peter Dutton, pediram-lhe que não completasse este projeto "sem incluir um meio para acessar legalmente o conteúdo das comunicações para proteger nossos cidadãos".