Durante uma expedição, professores, técnicos e alunos do curso de Oceanografia da Universidade Federal de Rio Grande (Furg) registraram os destroços do navio Rio Chico, que naufragou em 1968. Esta é a primeira imagem da embarcação que encalhou e, depois, afundou na Barra de Rio Grande há 51 anos.
O Laboratório de Oceanologia Geológica (LOG), da Furg, em parceria com a Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), Luiz Antônio Pereira de Souza, geofísico marinho do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) de São Paulo, entre outros estudiosos, se lançou em alto-mar, a bordo do Navio Oceanográfico Atlântico Sul, à procura destes resquícios da embarcação somente para testar o Sonar de Varredura Lateral.
Este equipamento detecta objetos embaixo d’água por meio da transmissão de sinais de pulsos sonoros que são transformados em imagem. A ferramenta será utilizada, em 2020, para fazer o mapeamento dos depósitos de fosforita – rocha sedimentar fonte de fósforo – que estão localizados entre 300 e 600 metros de profundidade nas proximidades de Rio Grande.
Apesar de estar preparado para a aventura, o grupo não estava muito confiante de que realmente encontrariam o Rio Chico, tendo em vista que o naufrágio aconteceu há mais de meio século, conta o professor de Oceanologia Lauro Calliari.
— Passamos com o Sonar em cima da região onde o barco naufragou e lá estava ele. Todo mundo acreditava que ele estava enterrado e que a carga havia sido perdida, mas estava tudo ali, preservado. Todo mundo vibrou bastante — diz o professor com entusiasmo.
Os destroços foram detectados entre 7 e 10 metros de profundidade fora do canal principal de acesso ao porto de Rio Grande, e a carga, composta por barras de aço – resistente à corrosão – permanecem lá.
O naufrágio
O navio Rio Chico estava em viagem de Durban, África do Sul, para Buenos Aires, Argentina, com 8 mil toneladas de aço. Durante a travessia, enfrentou mar violento, que provocou a infiltração de água salgada do mar no compartimento que abrigava a água doce. Isso reforçou a necessidade de conserto do casco da embarcação. O comandante, então, escolheu a Barra de Rio Grande para reparos de emergência e reabastecimento.
Entretanto, com condições difíceis do tempo, houve o encalhe seguido de naufrágio devido a tempestades com ondas de seis metros de altura. O navio tinha 137 metros de comprimento e 18 metros de largura e seu calado era de oito metros. O barco tinha 47 tripulantes e 12 passageiros, todos foram resgatados.