Referência em marketing de influência no Brasil, Felipe Oliva é uma das atrações do Festival de Interatividade e Comunicação (FIC), que discute a nova ordem digital na Unisinos Porto Alegre, nos dias 28 e 29 de outubro. Formado em Engenharia pela Universidade de São Paulo (USP), Oliva tem passagem por diversas empresas de tecnologia no desenvolvimento de estratégias para marketing on-line e offline.
Em 2014, ajudou a fundar a Squid, considerada a primeira empresa especializada em marketing de influência. Com apoio de uma plataforma automatizada, que identifica e recruta influenciadores digitais, a equipe trabalha para impulsionar marcas nas redes sociais. No dia 29, às 16h15min, Oliva vai explicar aos participantes do FIC19 como os influenciadores transformaram a indústria da comunicação. GauchaZH adiantou tópicos, em conversa por telefone. Confira a entrevista:
Como o marketing de influência apareceu na sua trajetória?
Sempre trabalhei com tecnologia, mas foi numa startup de vendas que comecei a entender que as pessoas contratavam mais meu produto por indicação de outras pessoas, então percebi que a palavra-chave da comunicação do futuro era autenticidade, porque quanto mais as pessoas fossem autênticas e conseguissem recomendar um produto ou serviço que elas gostam, mais pessoas consumiriam esse produto. Esse é o conceito de marketing de influência, mas a gente pega os microinfluenciadores, trazendo tecnologia para tomada de decisão nessa estratégia. A gente via que a escolha de influenciadores não tinha critérios precisos. Você tem que saber se aquela pessoa conversa com a audiência que você quer, se vai fazer sentido para sua marca, se você cria uma relação autêntica com o consumidor. As novas gerações só vão consumir uma marca se elas realmente acreditam, só vão comprar produtos que tenham propósito.
O que são microinfluenciadores e qual a importância deles na estratégia das marcas hoje?
Não gosto de ficar muito nos critérios de número de seguidores. Trabalhamos com microinfluenciadores muito mais no sentido de pessoas que conseguem atingir certas comunidades, certos nichos. E aí o número de seguidores depende. Se vou falar de criptomoedas, por exemplo, o cara que mais fala sobre isso tem 5 mil seguidores, mas é uma comunidade tão pequena ainda no Brasil que ele é especialista, ele tem influência. Então, o microinfluenciador é a pessoa que consegue falar com comunidades. Ele agrega autenticidade à campanha, porque ele é fiel à audiência. O microinfluenciador declina algumas campanhas porque sabe que aquele assunto não tem a ver com a audiência dele, ele não tem pretensão de ser uma celebridade, quer manter o relacionamento.
Qual a relação do marketing de influência com o uso de bots para impulsionar campanhas?
Na internet, você consegue comprar tudo, você consegue comprar seguidores, comprar engajamento. Alguns influenciadores seguiram por esse caminho, por isso a importância de uma tecnologia como a nossa. A gente encontrava várias marcas que estavam fazendo a estratégia e a campanha não funcionava, aí fomos ver e a pessoa estava comprando audiência, era uma audiência falsa. Trouxemos tecnologia para fazer essa verificação, justamente evitar o uso de bots. Não é sobre números, é sobre realmente impactar pessoas, incentivar que a audiência tome uma iniciativa.
Medidas como a do Instagram, de não mostrar os likes, impactam nessa estratégia?
Apesar de o Instagram parar de mostrar para o usuário, nossa plataforma continua vendo os dados, a gente consegue ver engajamento, interações, tudo isso. O fato de parar de mostrar é bacana, porque era mais uma métrica de vaidade, da pessoa querer se ver naquele momento. Para nós, a métrica é boa para ver se as pessoas estão interagindo.
Hoje se discute a proteção de dados pessoais e o risco do mau uso de estratégias de marketing de influência, por exemplo, para promover campanhas de difamação ou "fake news". Como você vê essa situação?
A regulamentação é essencial. Hoje todo mundo é público. Dá para fazer muitas coisas com tecnologia para entender o usuário e influenciar. Você pode ceder seus dados para o aplicativo, mas ele não pode ceder seus dados, por isso a regulamentação é essencial.
Já que esse é o título de sua fala no FIC19, como os influenciadores transformaram a indústria da comunicação?
Sou engenheiro civil de formação, fui entendendo de comunicação no mercado. Antigamente, você tinha agência de publicidade, um veículo de mídia, um garoto-propaganda, tinha uma produtora, a distribuição, tinha tudo isso. Hoje, o influenciador é tudo. Ele é o garoto-propaganda, ele tem a audiência, ele é o veículo, é o criativo, porque ele entende da audiência e sabe como o público vai reagir. A produção de conteúdo mudou muito com a entrada dos influenciadores.
15º Festival de Interatividade e Comunicação (FIC19)
- Quando: 28 e 29 de outubro de 2019 (segunda e terça)
- Onde: Unisinos Porto Alegre (Avenida Dr. Nilo Peçanha, 1.600, Boa Vista)
- Quanto: R$ 260 (lote 3)
- Descontos: meia-entrada para estudantes e 40% de desconto pelo Clube do Assinante
- Inscrições: neste site