Três anos atrás, foi possível ouvir pela primeira vez o som produzido pela colisão de buracos negros. Em abril, vimos uma fotografia inédita de um desses intrigantes corpos celestes. Nesta segunda-feira (2), Porto Alegre terá a oportunidade de aprender ainda mais sobre eles, com uma perita que é, também, um dos principais nomes da divulgação científica no mundo.
Convidada desta noite do ciclo de conferências Fronteiras do Pensamento, a astrofísica norte-americana Janna Levin promete explorar, no Salão de Atos da UFRGS, o tema de seu livro mais recente, A Música do Universo (2016), em que consegue a proeza de traduzir para o grande público conceitos complexos ao relatar a história da obsessão de três cientistas por ouvir os sons vindos do espaço, incluindo o ruído gerado pelos buracos negros.
— É como um tambor que faz o espaço-tempo vibrar. E esse som ressoou pelo espaço, viajou 1,3 bilhão de anos-luz até uma distante galáxia, até que foi gravado por instrumentos ambiciosos que são como dispositivos de gravação cósmicos — comentou ela, em entrevista a ZH publicada na edição deste final de semana.
Professora do Barnard College e da Universidade de Columbia, Janna Levin doutorou-se em física teórica no Massachusetts Institute of Technology (MIT) e dedicou-se à pesquisa em áreas como a teoria dos buracos negros, a cosmologia, a topologia do espaço e as ondas gravitacionais. Produziu uma centena de artigos científicos sobre esses temas, mas a sua grande projeção deu-se quando passou a falar também para o público leigo, por meio de obras envolventes que incluem até um romance, Um Louco Sonha a Máquina Universal, que traça um paralelo entre a biografia de Kurt Gödel e Alan Turing, dois matemáticos importantes do século 20.
Escritora cativante
Ela também falou sobre esses textos, literários e por vezes com uma veia poética, na entrevista a Zero Hora:
— Quando escrevo, não estou fazendo propriamente o que chamam de divulgação. Não fico pensando: "Quero educar o público". Vamos pensar em um artista que fez uma obra em seu estúdio e a expõe em uma galeria. Isso é considerado completamente normal. Ninguém diz "olha, você está fazendo divulgação! Está educando o público sobre arte". Então, eu vejo de maneira natural. E passo a ter dois produtos: um artigo para um jornal científico e um trabalho com abordagem mais poética.
Em um texto sobre Janna, a astrofísica gaúcha Thaisa Storchi Bergmann, importante pesquisadora de buracos negros, ressalta a reconhecida capacidade da colega para harmonizar ciência e vida cotidiana.
— O que é admirável na Janna, mãe de dois filhos, é esta capacidade de ser cientista competente, divulgadora e promotora irreverente da ciência, bem como em ser uma escritora cativante, que vai certamente cativar também a audiência do Fronteiras do Pensamento — observou.
O Fronteiras do Pensamento Porto Alegre é apresentado por Braskem, com patrocínio de Unimed Porto Alegre e Hospital Moinhos de Vento, parceria cultural PUCRS, e empresas parceiras Unicred e CMPC. Universidade parceira UFRGS e promoção Grupo RBS.
O ciclo de palestras
- Segunda-feira (2): Janna Levin, física teórica e astrônoma norte-americana, é referência na pesquisa sobre buracos negros.
- 23 de setembro: Werner Herzog, cineasta de Fitzcarraldo (1982) e O Homem Urso (2006)
- 21 de outubro: Contardo Calligaris, psicanalista e escritor, colunista da Folha de S.Paulo
- 11 de novembro: Luc Ferry, filósofo e ex-ministro da Educação na França
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