A chinesa Huawei, terceira maior fabricante de smartphones do mundo, retornou ao mercado brasileiro de celulares nesta terça-feira (30). A empresa começa a vender produtos que vão de R$ 2,5 mil (versão Lite) a R$ 5,5 mil (versão Pro) em lojas do país a partir do dia 17 de maio.
Em evento no hotel Palácio Tangará, a companhia marcou seu retorno após ter deixado o segmento móvel brasileiro depois de passagem em 2014. Disponíveis em 170 países, os aparelhos asiáticos disputam o acirrado mercado de boas câmeras com a Apple e a Samsung.
A linha P30 Pro tem a melhor tecnologia em câmeras que a chinesa diz ter alcançado, e competirá com os últimos lançamentos da concorrência americana e sul-coreana (o iPhone XS e o Galaxy S10).
Os celulares terão sistema quádruplo de câmeras da alemã Leica, fotos nítidas no escuro, ampliação de cinco vezes com o zoom óptico e até 50 vezes com o digital, inteligência artificial e registros em macro com o objeto a 2,5 centímetros à frente da lente.
As quatro câmeras terão apelo ao consumidor brasileiro atraído por selfies, mas segundo Ketrina Dunagan, vice-presidente de marketing da Huawei e responsável por posicionar a marca no Brasil, o diferencial do celular será que ele permanecerá rápido com o tempo.
— É um telefone que liga rápido e que permanecerá rápido ao longo dos anos — disse.
Segundo ela, a Huawei fez estudo com uma consultoria nacional que constatou a insatisfação do brasileiro em relação à performance da bateria, à câmera e à memória.
A linha trará um recurso Super Charge de 40W que carrega celulares de zero a 70% em 30 minutos. Os celulares terão 8GB de RAM e 256GB de memória.
Apesar de estar em outros segmentos, a Huawei deixou o setor móvel no Brasil devido à crise econômica e à tímida posição de venda de celulares da categoria premium, que ela busca se consolidar hoje.
— O mercado de celulares acima de R$ 3 mil cresce 21% ano a ano — diz.
Fora da China, a marca saltou de 25% para 88% em sete anos.
Problemas em outros países
Nos Estados Unidos, a Huawei está processando o governo de Donald Trump por banir seus produtos. O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, acusa a companhia chinesa de "espionagem". Diversos países também levantaram suspeitas de que seus equipamentos seriam usados pelo governo da China para espionar as pessoas ao redor do mundo. A Huawei nega todas as acusações.
Um relatório em 2018 no Reino Unido chegou à conclusão de que havia "apenas uma garantia limitada" de que os equipamentos móveis e de banda larga da Huawei não eram uma ameaça à segurança nacional. Tanto a Austrália quanto a Nova Zelândia excluíram a empresa chinesa do envolvimento em sua futura rede 5G. Meng Wanzhou, diretora financeira da Huawei e filha do fundador Ren Zhengfei, foi presa no Canadá.
A Huawei lidera o desenvolvimento da tecnologia 5G, rede de comunicação que é o principal campo de batalha entre China e Estados Unidos pela hegemonia tecnológica do século 21.
Ketrina diz que "o mercado dirá" se isso pode, de alguma forma, abalar a imagem da marca no Brasil, cujo governo já afirmou que não entrará na guerra comercial entre os dois países.
— Uma companhia que opera em 170 países e está há anos nisso só sobrevive por causa da confiança dos clientes. O mercado dirá se estamos indo bem ou não — afirma.