As mulheres são maioria no Brasil – mais especificamente, 51,5% da população brasileira, segundo dados de 2017 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Isso, no contudo, não impede que figuras femininas sejam minoria em cargos de chefia, na pesquisa universitária, em cadeiras no Legislativo e na área de tecnologia. O cenário de desigualdade de gênero foi tema do bate-papo Girl Power, que aconteceu na tarde desta quinta-feira (14), na Campus Party Brasil, em São Paulo.
A conversa contou com a presença de quatro mulheres que desenvolvem projetos cujo objetivo é atrair mais mulheres para a área de tecnologia. Em convergência, defenderam que, em muitos aspectos, os direitos conquistados pelas mulheres evoluíram bastante. Mas elas sublinham que o empoderamento feminino, muitas vezes, fica restrito a uma parcela privilegiada da população.
— O avanço acontece dentro de algumas empresas e bolhas. Não são todas as mulheres que estão sendo contempladas por essas transformações em busca da equidade. Milhares de mulheres transexuais, negras ou pobres, não colhem esses frutos. Então, a gente precisa estar atento e olhar para o lado para que a transformação seja abrangente — destaca Alda Rocha, com mais de 11 anos na área de experiência do usuário.
Ana Fontes, empreendedora e fundadora da Rede Mulher Empreendedora , apontou que o movimento feminista passou pela fase de identificação dos problemas sobre a baixa presença de mulheres no mercado de tecnologia da informação e afirmou que, agora, é preciso dar um passo em direção à resolução das demandas detectadas.
— É necessário encontrar soluções verdadeiras para questões que não são direitos das mulheres, mas, sim, direitos humanos. Os homens têm papel importante na não perpetuação de atitudes machistas. Por isso, é importante que vocês (homens) participem deste tipo de evento para levar as ideias produzidas aqui a outro — disse a empreendedora aos poucos representantes do sexo masculino assistindo à palestra.
Iana Chan, jornalista e fundadora da PrograMaria – iniciativa que busca empoderar mulheres por meio da tecnologia e da programação –, defendeu que meninas recebam estímulos diferentes na infância para além do objetivo de serem mães.
— A desconstrução do estereótipo de papeis a serem desempenhados por meninas e meninos é urgente. Garotos ganham presentes relacionados ao desenvolvimento de noção espacial e civil, enquanto garotas recebem bonecas. O problema não é cada um receber esse tipo de presente, mas naturalizar o comportamento desbravador para um e doméstico para outro. Isso poda possibilidades futuras — avalia.