Não foi em 1348, com a Peste Negra, ou 1918, com a gripe espanhola que matou entre 50 milhões e 100 milhões de pessoas. Também não foi durante o Holocausto, na II Guerra Mundial. O pior ano da história foi 536 d. C., data que marcou o início de um dos períodos mais difíceis da humanidade.
A revelação foi publicada em um estudo na revista Science, após um grupo de cientistas norte-americanos, liderado pelo arqueólogo e historiador da Universidade de Harvard Michael McCormick, chegar à conclusão de que, na época, um "nevoeiro misterioso" caiu sobre a Europa, o Oriente Médio e algumas regiões da Ásia durante 18 meses.
De acordo com a pesquisa, "na data, o Sol foi obscurecido e o clima foi abalado por um nevoeiro de cinzas que baixou drasticamente as temperaturas, arruinando as colheitas, causando fome e uma crise econômica de mais de um século".
"O sol emitia sua luz sem brilho, assim como a lua, durante todo o ano", disse o historiador bizantino Procópio de Cesareia, no século 6. Segundo ele, "desde o início, nem a guerra, nem a peste, nem qualquer outra calamidade que causava a morte cessaram entre as pessoas. O que veio a ser chamado de Peste de Justiniano espalhou-se rapidamente".
A pesquisa revelou que, durante o reinado de Justiniano (527-565 d.C.), especificamente no ano de 541, ocorreu uma epidemia global de peste que deixou cerca de 100 milhões de mortos em todo Oriente e 25 milhões na Europa.
Em outro estudo publicado na revista Antiquity, os cientistas explicaram que o enigma sobre a "nuvem misteriosa" foi descoberto "através da análise detalhada das geleiras localizadas entre a Itália e a Suíça. Desta forma, traços de uma erupção vulcânica muito poderosa foram encontrados na Islândia, cujas cinzas se espalharam por todo o hemisfério norte no início de 536.
A partir desse momento, uma sequência infeliz de acontecimentos piorou as coisas. Como evidenciado pelos núcleos de gelo coletados na Groenlândia e na Antártida, houve outras duas poderosas erupções. Segundo os pesquisadores, foram as erupções vulcânicas que resultaram na série de desastres.