O influenciador Dilson Alves da Silva Neto, o Nego Di, decidiu retirar uma das advogadas que atuava em sua defesa. A decisão se deu neste fim de semana, após postagem de uma foto do humorista na internet. Ele deixou a prisão na quarta-feira (27), após ficar 130 dias preso, em decisão do Superior Tribunal de Justiça.
Uma das determinações da Justiça para permitir a liberdade do influenciador era a proibição de que ele frequente as redes sociais. No entanto, uma publicação realizada logo após ele deixar a Penitenciária Estadual de Canoas (Pecan) 1 levantou discussão e passou a ser analisada pelo Ministério Público, como um possível descumprimento das medidas.
Na conta do Instagram da advogada Tatiana Borsa foi publicada uma fotografia onde Nego Di aparece. Na foto, além dela, está a outra advogada, Camila Kersch, também responsável pela defesa do humorista. As duas aparecem sorrindo e brindando em primeiro plano, com Nego Di sentado ao fundo, fazendo uma saudação com a mão para a câmera. A postagem tinha a legenda: "Como esperamos para postar este retrato". O conteúdo foi removido da rede social.
A advogada Camila Kersch, que ainda representa o humorista, afirmou que foi revogada a procuração que permitia que a colega representasse o humorista. Segundo a advogada, “foi uma decisão do cliente, externando seu descontentamento pela postagem sem autorização e pela conduta desta pós repercussão negativa do fato”.
A advogada informou ainda, por meio de nota, que “Dilson está à disposição da Justiça, com a intenção de cumprir fielmente as imposições do STJ para manter sua liberdade e não tem ingerência quanto a postagem de terceiros em suas redes sociais”.
A advogada Tatiana Borsa se manifestou sobre a decisão nesta segunda-feira (2), por meio de postagem nas redes sociais:
"Sobre caso envolvendo Dilson Alves da Silva Neto, conhecido como Nego Di, fui informada pelo réu que não mais o representava no processo de estelionato, que tramita no fórum da Comarca de Canoas. Ao tomar conhecimento da desconstituição, resolvi por substabelecer para a advogada atual os demais casos em que atuava, não tendo mais envolvimento com os sete processos os quais o representava".
Em nota sobre a postagem, o Ministério Público afirmou que "todas as informações e notícias sobre possível violação serão analisadas para que o MPRS tome as medidas cabíveis". O órgão não especifica se pedirá que Nego Di retorne à prisão, caso a avaliação encontre elementos de que houve alguma irregularidade.
Solto com condições
O influenciador é réu por estelionato por supostamente ser sócio de uma loja virtual que, segundo centenas de clientes, não entregava os produtos que oferecia. Após ser preso pela Polícia Civil gaúcha em Santa Catarina, ele foi conduzido para a Penitenciária Estadual de Canoas 1 (Pecan 1), na Região Metropolitana.
Na decisão pela soltura, o ministro Reynaldo Soares da Fonseca, do STJ, disse que "os fatos denunciados datam de 2022", que "a investigação foi concluída", que "a ação penal está em curso" e que "os supostos crimes não envolveram violência ou grave ameaça". O magistrado também avaliou como pontos favoráveis o fato de Nego Di ser réu primário e ter residência fixa.
O juiz ainda determinou cinco medidas para que a liberdade provisória fosse concedida:
- comparecimento periódico em juízo para justificar suas atividades;
- proibição de mudar de endereço sem autorização judicial;
- proibição de se ausentar da comarca sem prévia comunicação ao juízo;
- proibição de frequentar/usar redes sociais; e
- recolhimento do passaporte.
A investigação aponta que o humorista teria vendido produtos de sua loja online, a Tá di Zuera, que nunca foram entregues aos compradores. A Polícia Civil recebeu mais de 370 denúncias de consumidores que acreditam ter sido vítimas de golpe. O delegado Marco Guns, titular da 1ª Delegacia de Polícia de Canoas, responsável pela investigação, aponta que o número de vítimas pode chegar a 1,8 mil.
Na decisão, o juiz menciona que a defesa alegou que Nego Di "não teria participado do esquema com a finalidade de causar prejuízos, tanto que buscou ressarcir todas as 18 vítimas", acrescentando que o influenciador seria vítima do ex-sócio, que também foi preso.