Um ano e meio após o crime, Cauã Camargo, acusado de matar a companheira a facadas em Sapucaia do Sul, em março do ano passado, vai a júri nesta quinta-feira (3). Gabriela Mendes Cardoso, 19 anos, foi morta dentro de casa após uma discussão.
Segundo a denúncia do Ministério Público (MP), o réu e a vítima discutiram sobre a doação de um filhote de cachorro antes do crime. Conforme a polícia, a vítima estava no quarto de casa, na cama, no bairro Horto Florestal, quando foi atingida por 16 facadas.
Camargo responde por homicídio triplamente qualificado, por motivo fútil, recurso que dificultou a defesa da vítima e por razões de condição de sexo feminino (feminicídio).
O júri terá início às 9h na Comarca de Sapucaia do Sul e será presidido pelo Juiz de Direito Roberto de Souza Marques da Silva, da 1ª Vara Criminal. A Promotora de Justiça Anita Spies da Cunha atuará na acusação, e a defesa ficará a cargo do advogado Júlio Lima.
Crime e fuga
Por volta das 19h45min de 12 de março de 2023, Gabriela Mendes Cardoso, 19 anos, e o companheiro, Cauã Camargo, 18 anos, tiveram uma discussão. Após isso, segundo a polícia, ele teria desferido 16 facadas contra a mulher, que estava no quarto, na cama.
A apuração da Polícia Civil à época do crime apontou que Camargo não estaria aceitando o fato de que eles discutiam o fim do relacionamento. Após o crime, ele fugiu da casa.
Durante as buscas, os agentes descobriram que o homem estava se escondendo em Rolante, no Vale do Paranhana. Três dias depois, ele correu para dentro de um matagal ao ver a movimentação policial na cidade. O helicóptero da Polícia Civil foi usado na operação.
A campana seguiu durante a madrugada, quando os agentes descobriram que uma caminhonete vermelha havia resgatado o procurado. Câmeras de segurança analisadas apontaram aos policiais que o homem havia se deslocado para Cachoeirinha.
Por volta das 12h30min do dia 16 de março, ele chegou acompanhado de um advogado na delegacia. De forma preliminar, assumiu a autoria, mas alegou legítima defesa. Ele então foi preso e permanece em prisão preventiva desde então.
Defesa vai buscar absolvição
Para a Zero Hora, o advogado Júlio Lima, que representa Camargo, diz que vai buscar a absolvição do cliente. Ele também afirma que a defesa vai argumentar pela desqualificação da majorante feminicídio e que o réu foi vítima de agressões.
— Sendo que meu cliente jamais teve qualquer ocorrência do crime da Maria da Penha. Ele é menor de idade penal, ou seja, menor de 21 anos e teve a confissão espontânea quando eu próprio, em sede policial, o acompanhei em todos os seus depoimentos, na audiência de custódia, que foi verificado, inclusive, com provas no seu próprio corpo, as agressões físicas iniciadas pela vítima, que com uma faca tentou matá-lo — diz o advogado.
Lima acrescenta que a defesa vai tentar desbancar a denúncia, primeiro para absolvição, pela legítima defesa, subsidiariamente pelo homicídio privilegiado, pois Camargo não tem antecedentes.