Um dos presos por suspeita de ligação com o sequestro de um empresário de São Leopoldo já esteve no sistema penitenciário federal. O criminoso estava foragido desde julho depois de romper a tornozeleira eletrônica e é conhecido por ligação com a facção paulista PCC.
Vanderlei Luciano Machado foi preso em um Kia Ceratto na BR-116, na sexta-feira (23). No veículo, havia drogas, armas e roupas falsas da Polícia Civil, que teriam sido usadas no momento em que a vítima foi arrebatada pelos criminosos, na segunda-feira (19), em São Leopoldo.
O empresário foi libertado do cativeiro na sexta-feira, em Taquari, por agentes da 1ª Delegacia de Roubos do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic). Ele estava em precárias condições de higiene, com pés e mãos amarrados e amordaçado. Policiais que atuaram no caso avaliam que a forma como a vítima foi tratada não é comum no RS, sendo muito usada em casos em São Paulo.
Machado, que tem condenações por roubos, tráfico, homicídio, tentativa de homicídio e estelionato, foi levado ao sistema penitenciário federal na Operação Pulso Firme, em 2017, e ficou em Porto Velho até 2024. Em 2020, foi um dos alvos da megaoperação batizada de Caixa-Forte 2, feita por uma força-tarefa coordenada pela Polícia Federal e que investigou o esquema de repasse mensal de dinheiro a presos ligados ao PCC que tivessem chegado a postos importantes ou, executado serviços de valor antes de serem presos.
De volta ao RS, Machado ganhou benefício de sair da prisão usando tornozeleira eletrônica, que foi rompida por ele em julho. Conforme investigações, ele seria uma das lideranças da facção Tauras e, por ter diversos registros de fuga de prisões, é considerado de alta periculosidade.
Fuga de cinema
Uma das escapadas foi em 2002, quando fugiu do fórum de Lajeado depois de sacar uma arma que estava escondida dentro do gesso de um braço quebrado. Tomou a secretária do fórum como refém e prendeu no banheiro um juiz, funcionários e agentes penitenciários.
Machado foi preso pelo Deic juntamente com outro suspeito de participação no sequestro. Ele tentou reagir à prisão e apresentou nome falso aos policiais. Além deles, uma mulher foi capturada no Litoral Norte.
Um das dificuldades da investigação foi a falta de contato dos criminosos com a família. Houve apenas uma ligação, logo depois que o empresário foi apanhado. Os bandidos usaram o celular dele para avisar a família que era um sequestro e que fariam contato mais tarde. Nunca mais ligaram.
A negociação de que queriam R$ 22 milhões foi feita diretamente com a vítima.
A polícia segue a investigação, pois acredita que há mais pessoas envolvidas no crime.