A Polícia Civil cumpriu, nesta sexta-feira (5), quatro mandados de prisão contra suspeitos pelo assassinato do vendedor de joias André Luis de Azevedo, 37 anos. O crime aconteceu em 13 de setembro do ano passado, quando o corpo do homem foi encontrado com marcas de tiros, na localidade de Nova Aurora, no interior de Igrejinha, no Vale do Paranhana.
Intitulada Operação Golden, a ofensiva cumpriu oito mandados de busca e apreensão e quatro mandados de prisão em Porto Alegre, Cachoeirinha e Gravataí. Segundo o delegado Ivanir Caliari, responsável pela investigação, os executores do crime, que mataram Azevedo e abandonaram seu cadáver, são dois homens, de 22 e 23 anos, que já estão presos nas penitenciarias de Osório e Charqueadas por envolvimento em outros homicídios.
Além deles, duas mulheres, de 29 e 23 anos, também foram presas, suspeitas de receber dinheiro transferido pelos executores do crime. O delegado explica que a causa da morte ainda é desconhecida, mas frisa que tudo aponta para um latrocínio premeditado.
Caliari diz que a polícia conseguiu rastrear boa parte do percurso feito pelo vendedor de joias antes de ser morto, através do Gmail da vítima. Por volta de 13h40min daquele diz, Azevedo se despediu da namorada, em Novo Hamburgo, e saiu dirigindo seu Hyundai HB20 pela BR-116. Ele seguiu pela RS-118 e teve seu último registro vivo gravado por câmera na localidade de Morungava, zona rural de Gravataí, às 16h35min. Ele disse que tinha negócios a resolver em Gravataí.
Conforme o delegado, Azevedo aparentemente foi atraído para uma emboscada. Os registros de satélite mostram que ele se deslocou até as imediações da residência de um dos criminosos.
— Ele disse que ia atender um cliente. Esse agendamento foi premeditado para que ele fosse até esse local. Foi verificado pelo histórico do GPS que fez uma volta pela rua de trás da casa de um dos suspeitos — explica o delegado.
O vendedor foi capturado pelos criminosos em Cachoeirinha e levado até Igrejinha, onde foi assassinado. O GPS registrou parte do trajeto, mas ficou sem sinal em um trecho da RS-118, voltando a registrar o percurso na RS-020.
O delegado diz que os presos têm relação com uma facção criminosa e possuem antecedentes por homicídio. Em depoimento, ele diz que todos optaram por se manter em silêncio e se manifestar somente em juízo.
Participaram da operação Policiais Civis da DP de Igrejinha, com apoio de policiais integrantes da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) e das DPs de Três Coroas, Taquara, Rolante e Riozinho. O promotor de Justiça Evandro Kaltbach, que atua na Promotoria de Igrejinha, também acompanhou o trabalho, uma vez que o Ministério Público estadual deu parecer favorável ao cumprimento dos mandados.
Apreensão na Zona Sul
Uma das mulheres suspeitas foi presa em Cachoeirinha, na região Metropolitana, e a outra, na zona sul de Porto Alegre, no bairro Cascata. A moradora da Capital e o seu companheiro foram presos em flagrante por tráfico de drogas.
No local, foram apreendidos mais de cem pinos de cocaína, 59 pedras de crack, 400 porções de maconha embalada, aparelhos celulares e valores em dinheiro.
O delegado Gustavo Celiberto Barcellos, diretor da 2ª Região Policial, ressaltou se tratar de investigação bastante complexa, pois os suspeitos e a vítima não possuíam vínculos conhecidos na cidade, o que demonstra a competência, empenho e capacidade técnica da equipe policial de Igrejinha.
Entenda o caso
- Na tarde de 13 de setembro, um motorista passava pela localidade de Nova Aurora, nas proximidades da RS-020, em Igrejinha, no Vale do Paranhana, quando deparou com o corpo de um homem à margem de uma estrada. André Azevedo, 37 anos, havia sido executado com uma sequência de disparos no rosto. O vendedor de joias assassinado residia a cerca de 60 quilômetros dali, em Gravataí, na Região Metropolitana.
- A última vez que Azevedo teria sido visto por pessoas próximas foi cerca de três horas antes do crime, em Novo Hamburgo. No município do Vale do Sinos, despediu-se da namorada e partiu às 13h40min em seu HB20. Azevedo teria dito que iria a Porto Alegre, onde se encontraria com clientes. Ele trabalhava no ramo de venda de joias havia cerca de 10 anos.
- Depois disso, o carro dele passou pela BR-116, dirigiu pela RS-118 e teve seu último registro vivo gravado por câmera na localidade de Morungava. Divorciado, ele estava residindo na casa que era de sua avó, em bairro periférico de Gravataí.
- No fim da tarde, o corpo dele foi encontrado já em Igrejinha. O veículo dele só foi achado no dia seguinte, abandonado à margem da RS-020, também em Gravataí. Segundo a perícia, Azevedo teria sido morto dentro do próprio carro, com cinco disparos no rosto. Depois disso, a vítima teve o corpo abandonado na estrada em Igrejinha.
- A polícia suspeitava até então que o homem havia sido "arrebatado" em algum ponto de Gravataí e conduzido para esta área erma onde teve o corpo localizado. O ponto onde Azevedo foi encontrado morto não possui câmeras de videomonitoramento e fica numa região agrícola. A casa mais próxima fica a cerca de 1,5 quilômetro.
- Junto da vítima, foram encontradas notas de dinheiro, cheques e peças de ouro, material avaliado em cerca de R$ 80 mil. Também havia um paquímetro (instrumento de medição industrial) e um óculos de sol.
- A polícia chegou a suspeitar de latrocínio (roubo com morte), mas passou a considerar essa hipótese cada vez menos provável, em razão dos objetos de valor encontrados com ele. Segundo a polícia, ele intermediava negociações de compra e venda de artigos de joalheria, fornecendo matéria-prima para ourives e atendendo a encomendas personalizadas. Além disso, o carro da vítima também foi abandonado.