Dados divulgados nesta quarta-feira (29), pela Secretaria da Segurança Pública (SSP), apontam que abril de 2024 não teve nenhuma ocorrência de feminicídio registrada. Conforme a pasta, é a primeira vez, desde 2012 — quando o feminicídio passou a integrar a análise de dados da SSP —, que um mês se encerra sem o apontamento deste tipo de crime no Rio Grande do Sul.
A SSP citou a implementação do Programa de Monitoramento do Agressor, que atualmente monitora 101 agressores, é uma das ações que contribuem para o movimento decrescente assinalado nos recentes indicadores de criminalidade.
Outros crimes violentos letais também tiveram queda no RS em abril deste ano, na comparação com o mesmo período de 2023. Os registros de latrocínio (roubo com morte) reduziram de 5 para 3, uma baixa de 40%. Na comparação entre os dados de homicídios, abril deste ano teve 22,5% menos registros que no ano passado.
No acumulado dos quatro primeiros meses dos dois anos, o saldo também indica um movimento de queda na violência. Para homicídios, a baixa foi de 645 vítimas, entre janeiro e abril de 2023, para 562 em igual período neste ano. Latrocínios passaram de 21, no ano passado, para 15, de janeiro até abril de 2024 (veja gráfico abaixo).
Na avaliação do comandante-geral da Brigada Militar (BM), coronel Cláudio Feoli, os números resultam da estratégia de monitoramento permanente, com remessa diária de relatórios aos comandantes de unidades.
— Os comandantes são orientados a interagir com os delegados locais para que juntos possam entender os eventos, observar a dinâmica de homicídios consumados e tentados, buscando antever a possibilidade de continuidade, considerando que a maioria destes fatos está relacionada ao crime organizado — aponta.
Feoli descreve que eventos com destaque no mapeamento da criminalidade são rapidamente enfrentados com a remessa de reforços ao efetivo local, mencionando a chacina ocorrida em 10 de abril, em Cidreira, para onde contingente do Batalhão de Choque com objetivo "sufocar" as organizações criminosas.
O comandante-geral da BM cita duas operações decorrentes desta estratégia, nas quais o "choque" de Caxias do Sul apreendeu cinco fuzis, outras armas e munições. Conforme Feoli, o serviço de inteligência da corporação monitorou a movimentação de criminosos acerca da circulação do arsenal na cidade e antecipou seu uso para o cometimento de crimes.
— Quanto menos armas nas ruas, menos homicídios teremos — define o chefe da Brigada.
Atenção em áreas vulnerabilizadas
Na análise do chefe de Polícia do Estado, delegado Fernando Sodré, outro fator deverá se somar ao conjunto de estratégias empregadas pelas autoridades estaduais, diante do cenário de calamidade pública que se impôs sobre a sociedade gaúcha.
— Sem dúvida, teremos de observar as áreas vulnerabilizadas pela catástrofe climática, somando a ação do Estado para proteção destas comunidades, sob aspectos de segurança , amparo social e suporte para recuperação econômica destas comunidades. Com a presença do poder público, não acredito em uma explosão de violência — argumenta Sodré.
O chefe de Polícia do RS acrescenta que as estruturas de segurança estão preparadas para oferecer suporte ao restabelecimento da atividade socioeconômica nas áreas atingidas pelos efeitos da calamidade.