Após 50 dias de buscas, a Polícia Federal (PF) e a Polícia Rodoviária Federal (PRF) recapturaram nesta quinta-feira (4) os dois foragidos que haviam fugido da Penitenciária Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte. Os dois foram encontrados em Marabá, no Pará, a cerca de 1,6 mil quilômetros de distância da prisão de onde escaparam.
Fugiram no dia 14 de fevereiro os apenados Rogério da Silva Mendonça, 35 anos, e Deibson Cabral Nascimento, 33. Os dois estavam na prisão de Mossoró desde setembro de 2023. Eles haviam sido transferidos do Acre.
"Na tarde desta quinta-feira (4), em uma ação conjunta das polícias Federal e Rodoviária Federal, foram presos, em Marabá (PA), os foragidos do Sistema Penitenciário Federal Rogério Mendonça e Deibson Nascimento", informou a PF em nota oficial.
Foi a primeira fuga registrada na história do sistema penitenciário federal, que inclui ainda prisões em Brasília (DF), Catanduvas (PR), Campo Grande (MS) e Porto Velho (RO).
A unidade potiguar estava passando por uma reforma interna. Investigações preliminares indicam que os dois usaram ferramentas que encontraram largadas dentro da prisão para abrir o buraco por onde fugiram de suas celas individuais.
Quem são
Em conjunto, Rogério da Silva Mendonça e Deibson Cabral Nascimento acumulam mais de 80 processos judiciais no Tribunal de Justiça do Acre, o Estado de onde foram transferidos para o Rio Grande do Norte, e totalizam 155 anos em sentenças condenatórias, conforme informações do Instituto de Administração Penitenciária do Acre (Iapen-AC).
De acordo com o Ministério da Justiça, os fugitivos têm vínculos com o Comando Vermelho, uma facção associada a Fernandinho Beira-Mar, que também está detido na mesma unidade federal em Mossoró.
Rogério da Silva Mendonça enfrenta mais de 50 processos, incluindo acusações de homicídio e roubo. Sua sentença totaliza 74 anos de prisão, considerando a soma das penas.
Deibson Cabral Nascimento é associado a mais de 30 processos, enfrentando acusações de organização criminosa, tráfico de drogas e roubo. Sua sentença totaliza 81 anos de prisão em condenações.
Investigação
Na terça-feira (2), após um mês e meio apurando as circunstâncias da fuga, a corregedoria-geral da Secretaria Nacional de Políticas Penais, do Ministério da Justiça e Segurança Pública, informou não ter encontrado qualquer indício de corrupção.
Segundo o ministério, em seu relatório sobre a responsabilidade de servidores da penitenciária, a corregedora-geral, Marlene Rosa, aponta indícios de “falhas” nos procedimentos carcerários de segurança, mas nenhuma evidência de que servidores tenham, intencionalmente, facilitado a fuga.
Ainda de acordo com o ministério, três Processos Administrativos Disciplinares (PADs) já foram instaurados para aprofundar as investigações sobre as falhas identificadas. Dez servidores são alvos desses procedimentos. Outros 17 servidores assinarão Termos de Ajustamento de Conduta (TAC), se comprometendo com uma série de medidas, como, por exemplo, passar por cursos de reciclagem e não voltarem a cometer as mesmas infrações.
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, fará pronunciamento, às 15 horas, sobre a prisão.