Em compartimento secreto dentro de um ônibus foram encontrados, no Paraná, armamentos de grosso calibre que tinham o Rio Grande do Sul como destino. A apreensão foi realizada após abordagem da Receita Federal. O uso do veículo para o transporte de armamentos para uma facção criminosa de São Leopoldo, no Vale do Sinos, já vinha sendo investigado pelo Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic).
A abordagem ao ônibus aconteceu no fim de janeiro, durante uma operação de rotina da Receita Federal. O veículo foi parado na área urbana de Santa Terezinha de Itaipu, cidade localizada a 22 quilômetros de Foz do Iguaçu, próximo da fronteira com o Paraguai.
Durante a fiscalização, foram encontradas algumas mercadorias, como eletrônicos, que estavam ingressando no país de forma irregular, e o veículo acabou sendo apreendido pelo crime de descaminho. Nesta apreensão das mercadorias, ninguém foi preso. O veículo foi levado para a alfândega e lacrado.
O uso de um ônibus para o transporte de armamentos para uma facção criminosa do Vale do Sinos já vinha sendo investigado pela equipe da 1ª Delegacia de Roubos do Deic, na tentativa de impedir que armas chegassem às mãos de criminosos. No entanto, a apreensão por parte da Receita Federal aconteceu antes que os policiais conseguissem abordar o veículo.
Foi realizada uma segunda vistoria mais detalhada no ônibus no último domingo (25). Durante essa nova fiscalização foi descoberta a presença de um fundo falso no ônibus. Dentro do compartimento foram encontrados dois fuzis de calibre 556, uma carabina de calibre nove milímetros, uma escopeta calibre 12 e duas pistolas de calibre nove milímetros.
— Esse ônibus saiu de São Leopoldo, e esse armamento foi buscado em Foz do Iguaçu por essa facção atuante no Vale do Sinos — explica o diretor da Divisão de Investigações do Deic, delegado Eibert Moreita Neto.
Poder de fogo
As armas apreendidas nesta ação são consideradas de grosso calibre, com alto poder de fogo, que costumam ser usadas pelas facções criminosas. A suspeita é de que os armamentos tenham sido adquiridos no Paraguai.
A maioria das armas que chega ao RS vem do Paraguai, pelas linhas de fronteira. As armas que chegam ao Estado têm também origem em outros países, como Argentina e Uruguai.
— O Deic, assim como toda a Polícia Civil, tem fomentado esse tipo de trabalho, de apreensões de armas como forma de coibir a prática de crimes violentos. Esse tipo de armamento é usado não só para homicídios e proteção de pontos de tráfico de drogas, como também para a prática de outros crimes violentos, como grandes assaltos. É uma forma também de coibir essa modalidade de crime praticada por organizações criminosas — diz o delegado Moreira Neto.
Segundo o delegado João Paulo de Abreu, da 1ª Delegacia de Roubos do Deic, a ação faz parte das investigações que tem como intuito reprimir o comércio irregular de armas de fogo, que são adquiridas pelo crime organizado para abastecer atividades como tráfico de drogas e outros delitos. Neste caso, a polícia segue investigando quem foram os responsáveis pela aquisição dos armamentos que seriam repassadas ao crime nas ruas.
Apreensão de armas no RS
Ao longo de 2023, foram recolhidas 9.462 armas no Rio Grande do Sul pela Brigada Militar e Polícia Civil, segundo dados da Secretaria da Segurança Pública (SSP). Em média foram 26 armas apreendidas por dia. No comparativo com 2022, houve ligeira redução, de 4%.