Os responsáveis pela alteração na BMW, que causou a asfixia dos quatro jovens em Balneário Camboriú, podem responder por homicídio culposo — quando não há a intenção de matar —, segundo o delegado Vicente Soares, da Divisão de Investigação Criminal de Santa Catarina. A informação foi dada em entrevista ao programa Gaúcha Mais, da Rádio Gaúcha, na tarde desta sexta-feira (12).
Durante entrevista coletiva na manhã desta sexta, a Polícia Civil de Santa Catarina divulgou laudo pericial, que confirmou que causa das mortes dos quatro jovens foi asfixia por monóxido de carbono, causada por uma modificação do escapamento do veículo.
— Foi substituída a peça responsável pela filtragem dos poluentes por uma chamada downpipe, que tem como objetivo aumentar o ruído do veículo. Essa alteração foi apontada como a causa das mortes — declarou Soares.
Ainda de acordo com a Polícia Civil, familiares das vítimas confirmaram que o carro passou por um processo de customização (alteração das características originais) com o objetivo de gerar mais ruído. Essa modificação está relacionada ao vazamento de monóxido de carbono para o interior do automóvel.
— Diante do resultado da perícia que indicou má fabricação e instalação da peça, evidenciando soldagem inadequada, tanto o proprietário da oficina quanto os responsáveis pela montagem e instalação no veículo podem ser responsabilizados e enquadrados no crime de homicídio culposo — explicou o delegado.
Conforme o diretor de medicina-legal de Santa Catarina, Fernando Fonseca, as vítimas apresentavam sinais característicos e claros de asfixia. Após a coleta de urina e sangue dos jovens, foi realizado um exame toxicológico que indicou alta presença de monóxido de carbono nos cadáveres.
— Os jovens estavam com 50% ou mais de saturação de monóxido de carbono no sangue. Normalmente, uma saturação acima de 40% já pode causar a morte — explicou a perita forense Bruna Viviane Vaz.
As vítimas são:
- Gustavo Pereira Silveira Elias, 24 anos
- Karla Aparecida dos Santos, 19 anos
- Tiago de Lima Ribeiro, 21 anos
- Nicolas Kovaleski, 16 anos
Karla, Nicolas e Tiago foram para Santa Catarina com Gustavo para trabalhar na empresa que estava sendo montada. A única sobrevivente era a namorada de Gustavo e se juntaria ao grupo na empreitada.
Em dois veículos, o grupo de familiares e amigos se dirigiram até Balneário Camboriú para passar a virada de ano. Depois da festa, um dos veículos seguiu de volta para casa, enquanto o outro, em que estavam os jovens, rumou para a rodoviária para encontrar com a jovem que chegaria de Minas. Durante cerca de três horas, permaneceram dentro do veículo com o motor e o ar-condicionado ligados.