Está marcada para esta terça-feira (30) a primeira audiência do processo que trata da morte de Guilherme Alfredo Alves Horn, 22 anos. O jovem foi assassinado em uma armadilha feita por um criminoso que pretendia assaltá-lo, segundo a polícia. Ele fazia uma entrega de roupas para ajudar um amigo. O crime aconteceu em agosto do ano passado, na zona norte de Porto Alegre.
O réu está preso e deve ser ouvido na audiência, assim como testemunhas do caso. O nome do acusado pelo latrocínio (roubo com morte) não foi divulgado.
A sessão ocorrerá no Foro Central de Porto Alegre, às 15h30min de terça. A expectativa é de que sejam colhidos os depoimento de nove testemunhas de acusação e três de defesa, além de feito o interrogatório do réu, que será ouvido por último.
O assalto aconteceu no dia 1º de agosto e chamou atenção em razão dos aspectos que o caso reuniu. Naquele dia, Horn foi visitar um amigo que mantém uma loja de roupas em Cachoeirinha. Minutos antes de ele ir embora, o estabelecimento recebeu um pedido, pelo WhatsApp, que deveria ser entregue na Rua Alcântara, no bairro Santa Rosa de Lima, na Capital.
Para que o amigo não precisasse chamar um motoboy, Horn se ofereceu para ajudar. Como ele morava perto de onde os produtos deveriam ser entregues e estava de carro, disse que levaria o pedido até o comprador.
De acordo com a Polícia Civil, a vítima foi morta em uma emboscada.
— Com certeza foi uma armadilha, feita para assaltar quem fosse fazer a entrega. Quando (o jovem) chegou no local combinado, foi abordado por um homem que perguntou se ele era da loja, disse que sim. O criminoso deve ter anunciado o assalto e parece que a vítima arrancou o carro. Logo depois foram ouvidos os tiros. O jovem estava no telefone com o amigo, que ouviu os disparos — disse o delegado Cesar Carrion, à época do fato.
Segundo o relato do amigo de Horn, dono da loja, os dois conversavam por telefone durante a entrega, porque a vítima pediu ajuda para entender quem era o comprador. Os dois perceberam o assalto quase ao mesmo tempo.
Em imagens obtidas pela polícia, é possível ver Horn chegando de carro na rua em questão, por volta das 17h07min do dia do crime. Cerca de um minuto depois, ele retorna pela mesma via, tentando fugir do local. É quando os tiros são efetuados.
A polícia acredita que o criminoso teria anunciado o assalto e a vítima acelerado o carro para fugir do local. O assaltante então efetuou os tiros.
"Era meu melhor amigo", diz mãe de jovem
Por pessoas próximas, Horn é lembrado especialmente pelo jeito amoroso com que tratava a todos. Ele trabalhava na empresa do pai, que gerencia uma frota de lotações e tem postos de combustíveis na Capital. A rotina começava às 5h, quando ele acordava para ir abrir o espaço e receber os funcionários. Único homem entre três irmãs, era "extremamente amoroso", segundo a família.
Na época do crime, ele estava "muito feliz", segundo relatos. Ele havia retomado os estudos e conseguido trocar o carro, com ajuda do pai.
O jovem morava com a mãe, Aline da Cunha Alves. Ela conta que, em razão da perda do filho, tem passado mais tempo em uma casa na Serra. Volta à Capital e a casa onde vivia com o filho, por alguns períodos, que são dolorosos. Ela afirma que faz acompanhamento psicológico e toma remédios para conseguir dormir e lidar com o dia a dia.
— Estamos sobrevivendo, é o que estamos conseguindo. Recebo muitas ligações, visitas, mensagens de amigos dele, todos muito comovidos, todos choram, me chamam de mãe. Eu e ele éramos muito grudados, era meu melhor amigo, meu companheiro. Estava no começo da vida. Não me deixava sozinha para nada. Sinto muita falta. Eu só quero Justiça, para que nenhuma família passe pelo que estamos passando. E sabemos que é só o começo.
Contraponto
O advogado Guilherme Amaro Cavalheiro Boll, que atende o réu, afirmou que a defesa irá de manifestar apenas nos autos do processo.