Duas décadas após Suzane Louise von Richthofen matar seus pais em 2002, Andreas von Richthofen, irmão que herdou todo o patrimônio da família de quase R$ 10 milhões, enfrenta agora mais de 20 ações judiciais em São Paulo devido a dívidas acumuladas de Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU) e condomínios, totalizando cerca de R$ 500 mil. A herança inclui carros, terrenos e seis imóveis — sendo um deles a mansão onde o crime ocorreu.
Segundo informações do O Globo, duas das casas herdadas por Andreas permaneceram fechadas por tanto tempo que foram invadidas, sendo a principal delas localizada na Rua Barão de Suruí, na Vila Congonhas, onde a família von Richthofen morou antes do crime. Avaliada em R$ 1 milhão, essa casa de 300 metros quadrados foi palco de duas editoras, Magnum e Etros. Apesar das ofertas de compra, Andreas recusou todas, resultando na deterioração da propriedade e até mesmo invasões clandestinas.
Ao perceber o abandono, ocupantes ilegais agem, realizando reformas e morando gratuitamente até que a propriedade seja reivindicada judicialmente. Em Campo Belo, bairro onde Andreas possui outras duas casas, invasores já conseguiram a propriedade por usucapião, um processo de aquisição baseado na posse prolongada e pacífica. Além disso, a prefeitura de São Paulo e São Roque processam Andreas por dívidas de IPTU, com a casa da Barão de Suruí acumulando mais de R$ 48 mil em tributos atrasados até novembro de 2023.
Outra propriedade em risco de invasão está na Rua República do Iraque, no Brooklin Paulista, onde funcionava a clínica da mãe de Andreas, a psiquiatra Marísia von Richthofen. Esta casa, com débito de R$ 20.170,17 até julho de 2023, já foi ocupada por Andreas durante seus anos de estudo na Universidade de São Paulo. Vizinhos relatam festas esporádicas.
Isolado e de difícil contato
Andreas desapareceu durante a pandemia, buscando refúgio em um sítio em São Roque, também herdado dos pais. Esse sítio ficou conhecido por ser o alvo planejado de incêndio pelos assassinos Suzane e os irmãos Cravinhos durante o julgamento de 2006. Após o isolamento, Andreas adquiriu outro sítio no mesmo município, situado em uma área isolada e de difícil acesso, vivendo sem telefone celular e internet para evitar perturbações. No entanto, esse isolamento voluntário dificulta sua localização pelos oficiais da Justiça de São Paulo, que tentam notificá-lo sobre os processos de dívidas sem sucesso. Autoridades planejam ações para leiloar as propriedades de Andreas, pois ele se recusa a quitar os débitos.
Andreas desapareceu definitivamente em janeiro de 2023, coincidindo com a liberdade condicional de Suzane. A advogada de Suzane, Jaqueline Domingues, procurou incessantemente Andreas, buscando um encontro entre os irmãos, algo que não ocorreu nos últimos 20 anos.
Em 2017, os irmãos tentaram se reunir durante a saída temporária de Suzane no Dia das Mães, mas o encontro não ocorreu. Andreas, na época com 30 anos, mandou uma mensagem para Suzane, mas não compareceu ao encontro. Ele foi capturado pela polícia ao tentar invadir uma casa em Santo Amaro, São Paulo, em estado de surto, sendo internado em uma clínica de recuperação por dois meses.
A advogada Maria Aparecida Evangelista, que defendeu os interesses de Andreas na disputa pela herança, não está mais listada como sua procuradora nos novos processos. Sem informações sobre o paradeiro de Andreas, ela busca localizá-lo para evitar o leilão de seus bens para pagamento de dívidas públicas.
Os bens de Andreas eram administrados pela imobiliária Laert de João Imóveis, mas não conseguiram contatá-lo para assinatura de contratos de locação. A última vez que compareceu à imobiliária em 2021, os relatos são de que Andreas estava em condições precárias. Indiferente a seus bens, Andreas enfrenta ações judiciais por inadimplência no condomínio do edifício Greenwich Village Campo Belo desde 2021. Já perdeu R$ 150 mil nessa ação, referente a taxas e honorários advocatícios. Desde sua mudança para o sítio em 2020, ele não paga condomínio nem IPTU do apartamento em que viveu. A administração do condomínio executou Andreas na Justiça, bloqueando sua conta bancária para pagamento das despesas, mas ele se recusa a quitar voluntariamente os débitos.