Responsável por investigar o assassinato de uma família após briga de trânsito no bairro Lami, no extremo-sul de Porto Alegre, em 2020, o delegado Rodrigo Pohlmann Garcia foi o primeiro a prestar depoimento durante o Tribunal do Júri, iniciado na manhã desta segunda-feira (11). São acusados mãe e filho, Neuza Regina Bitencourt Vidaletti e Dionatha Bitencourt Vidaletti.
No depoimento, que durou duas horas e 20 minutos, Garcia recordou o passo a passo da investigação, desde a ocorrência até a prisão de Dionhata. Logo no início, o Ministério Público reproduziu a ligação de uma das vítimas ao 190.
— Ela dá a entender na ligação que não quer que as pessoas saiam do local, e ela, quando vê que vão sair do local, corre em direção ao veículo. A gente vê em seguida, quando ela larga o celular, passa fração de dois a três segundos, e se ouve os disparos — disse Garcia, ao descrever que não havia tempo para Fabiana partir para cima dos réus, o que poderia configurar legítima defesa.
Ao descartar a hipótese da defesa, o delegado ainda descreveu a posição dos disparos feitos nas vítimas.
— Os tiros todos foram em regiões letais, tanto é que duas das vítimas foram a óbito no local. E eu acredito que se mais alguma pessoa tivesse acompanhado as outras três, também receberia disparo e de igual forma poderia vir a óbito — disse.
Os dois sobreviventes foram o filho do casal, com seis anos de idade à epoca, e a namorada do filho mais velho, que não saíram de dentro do carro da família.
As vítimas foram Rafael Zanetti Silva, sua esposa, Fabiana da Silveira Innocente Silva, e o primogênito do casal, Gabriel. Eles tinham 45, 44 e 20 anos, respectivamente.
Questionado pela defesa, o delegado afirmou que não houve apontamentos de que Dionathá era uma pessoa agressiva e que ele não possuía registros policiais antes do fato.
Em plenário, a defesa sustenta que os réus agiram em legítima defesa.
— Ele (Dionatha) tinha certeza de que a mãe estava sendo esfaqueada e agredida — disse o advogado Cristiano Rosa, antes do início da sessão.