Após os depoimentos dos avós da bebê Alice Beatriz Rodrigues, que foi assassinada junto com os pais na saída da sua festa de aniversário em Porto Alegre, foi a vez dos cinco réus se manifestarem durante a tarde desta quinta-feira (23). O julgamento se iniciou nesta manhã e deve se encerrar na sexta-feira (24).
Dos cinco réus, apenas Maycon Azevedo da Silva, 28 anos, confessou ter participado do assassinato de Douglas Araújo da Silva, 29 anos, e Sabrine Panes Rodrigues, 24, que foram executados a tiros junto da filha, em setembro de 2018. Antes do júri, a Defensoria Pública, que atendia Maycon, chegou a pedir a absolvição sumária do réu, alegando falta de provas.
De acordo com o advogado Eder Siqueira, que assumiu a defesa de Maycon no júri, seu cliente estaria sofrendo ameaças de Douglas, que tinha envolvimento com o tráfico de drogas e teria ameaçado sua esposa e filha na época. Conforme a defesa, no dia do crime, Douglas teria passado na casa de Maycon armado, ameaçado e agredido a sua esposa e sua filha.
A defesa sustenta que Maycon apenas dirigiu o veículo utilizado no crime, mas não foi ele quem efetuou os disparos. Os responsáveis pela execução seriam pessoas vinculadas a um inimigo de Douglas.
Os outros quatro réus, Leandro Martins Machado, 33, Nícolas Teixeira da Rosa, 28, Anderson Boeira Barreto, 31, e Michel Renan Bragé de Oliveira, 26, negam envolvimento na execução da família. Dos réus, quatro estão presos e Leandro continua foragido.
Os cinco são julgados por três homicídios triplamente qualificados e associação criminosa. Pela morte da bebê, ainda há possibilidade de aumento de pena, em caso de condenação, por se tratar de menor de 14 anos.
Entenda as qualificadoras dos assassinatos:
- Motivo torpe — Segundo a acusação, o crime foi motivado por desavenças envolvendo disputas pelo tráfico de drogas. Douglas é apontado como o alvo da ação, porque, segundo o Ministério Público, integrava facção rival à dos atiradores. Ele já havia sido preso por tráfico e, quando foi morto, estava foragido.
- Emboscada — Os executores vigiaram a movimentação das vítimas, aguardando o momento para o ataque, além de estarem em maior número e portando armas.
- Perigo comum — Isso porque foram disparadas dezenas de tiros contra as vítimas no meio da rua, colocando em risco a vida de outras pessoas.
Os depoimentos dos réus se encerraram por volta de 17h20min, quando se iniciou um intervalo. Na sequência, se inicia a fase de debates, que pode ser seguida de réplica e tréplica. O Tribunal de Justiça do RS estima que a sessão se encerre às 21h e a deliberação dos jurados seguida da leitura da sentença ocorra na sexta-feira.