A Polícia Civil iniciou, nesta segunda-feira (14), o processo para formação de 185 inspetores e 160 escrivães, com a aula inaugural do curso da Academia de Polícia Civil do Estado (Acadepol). A atividade ocorreu à tarde, no auditório do Ministério Público do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, e foi precedida por uma solenidade de boas-vindas à nova turma, composta por 165 homens e 180 mulheres, integrantes da leva remanescente de aprovados no último concurso da categoria, realizado em 2017.
A expectativa é de que a turma que entra na etapa de estudos técnicos, teóricos e práticos esteja apta para ingresso na função pública a partir dos primeiros meses de 2024. Presente na cerimônia, o secretário-adjunto da Segurança Pública, coronel Mário Ikeda, mencionou que os recentes resultados de redução dos indicadores criminais também decorrem da dedicação e do comprometimento de servidores públicos.
— Muitas vezes, em nossas vidas, vamos a um órgão público e não nos sentimos acolhidos. Por isso, é muito importante que cada um dos senhores e das senhoras aqui presentes tenham clareza de que, quando estiverem prestando seus serviços, vocês não serão apenas um homem ou uma mulher, mas serão o representante do Estado diante daquele cidadão ou cidadã que necessita, muitas vezes, sentir-se acolhido e saber que o Estado está ali para lhe prestar o apoio e a orientação necessários — discorreu o coronel.
Ikeda revelou, perante os convidados do ato solene, que houve empenho entre as lideranças do setor público para que os aprovados no último concurso tivessem oportunidade de convocação para o processo de formação. O secretário-adjunto anunciou que, além deste contingente de agentes para a Policia Civil, o Estado também deverá chamar cerca de 400 policiais militares e cem bombeiros militares, igualmente aprovados em processos seletivos recentes.
O chefe de Polícia do Rio Grande do Sul, delegado Fernando Sodré de Oliveira, conclamou os candidatos a escrivães e inspetores a iniciarem uma jornada que deverá, segundo ele, tornar-se um projeto de vida e futuro em coletividade.
— O trabalho em segurança pública é fundamental para que a cidadania alcance sua plenitude e liberdade para trabalhar e produzir. Trata-se de uma vocação, uma atividade diferenciada na qual todas e todos aqui presentes serão acolhidos e também serão cobrados — pontuou.
A formação será de aproximadamente seis meses, contando com 27 disciplinas, teóricas e práticas, entre as quais constam aulas sobre métodos de investigação, aptidão física, bases jurídicas, treino de tiro e noções de direitos humanos. Diretora da Acadepol, a delegada Elisangela Melo Reghelin destacou que a etapa de formação representa um desafio para cada aluno-candidato com os seus próprios limites.
— A academia não é somente a etapa final de uma seleção. É o momento de teste da nossa determinação e capacidade de resiliência. É quando a gente sente saudade de casa, sente aquele nó na garganta e, às vezes, até tem vontade de desistir. É momento de termos nosso equilíbrio emocional testado. Quem vence esta etapa ingressa em uma família, constrói amizades para uma vida toda e descobre a motivação de servir à sociedade — definiu.
Prevalência de gaúchos
Para a atividade de inspetor, a predominância entre os alunos é masculina. São 117 homens e 68 mulheres. Entre este grupo, a prevalência dos candidatos que chegaram à etapa de formação é de gaúchos: 160. Além deles, há participação de representantes de outros 13 Estados.
Natural de Vacaria, o advogado Vagner Cioato, 40 anos, foi aprovado no primeiro concurso que prestou para a área de segurança e diz estar familiarizado com as atividades por ser casado com uma policial civil.
— É uma função muito cativante, por tratar do sentimento de servir à sociedade — descreveu Cioato.
Já para o cargo de escrivão, prevalecem as mulheres: são 112, mais do que o dobro dos 48 alunos homens.
Recém chegada de Brasília, Luciana Gonçalves Reis, 45, afirma estar pronta para o desafio da nova vida longe de casa. Depois da passagem pelo Exército, onde chegou ao posto de terceiro sargento, Luciana exalta a habilidade de colocar-se no lugar do próximo como uma virtude para quem atuará na segurança pública:
— Sei que o trabalho da polícia é importante nos momentos mais difíceis na vida das pessoas. Por isso, pretendo aprender e contribuir com meu conhecimento, minha capacidade de ouvir e empatia com o próximo.
Com prevalência de 144 alunos do RS, a função dos escrivães em formação será compartilhada com alunos de outras nove unidades da federação.