O Rio Grande do Sul registrou queda no número de latrocínios e feminicídios no primeiro semestre de 2023 em comparação com o mesmo período do ano anterior. No entanto, foram cometidos mais homicídios no período. Os números foram divulgados nesta quarta-feira (5) pela Secretaria da Segurança Pública (SSP) do RS.
Os homicídios cresceram 3,1% na comparação entre os dois períodos – foram 848 em 2022 e 874 em 2023. No caso dos latrocínios (roubos com morte), foram 29 nos primeiros seis meses de 2022 e 24 no mesmo período deste ano, o que representa redução de 17,2%.
Dado celebrado pela SSP, os feminicídios – quando o crime tem motivação atrelada ao gênero da vítima –, tiveram a queda mais expressiva. No primeiro período de 2022, 59 mulheres foram assassinadas em contexto de gênero. No mesmo período de 2023 este tipo de crime somou 40 casos, 32,2% a menos.
Houve piora, no entanto, nos demais indicadores de violência contra a mulher, com aumento nos registros de tentativas de feminicídio (9,4%), lesão corporal (12%) e ameaça (7,3%). Apenas nos números de estupros contabilizados o cenário não apresenta piora, com 4% menos ocorrências em 2023 do que em 2022.
Roubo de veículo
Os roubos de veículos também fecharam o semestre com redução de 10% no Estado, em relação ao mesmo período de 2022. Foram 2.062 casos neste ano, enquanto no ano passado haviam sido 2.301. Pelo sexto ano consecutivo o primeiro semestre segue em declínio nos casos de roubo de veículos.
Chefe da Polícia Civil destaca integração e esforço
O cenário de melhoras pontuais em indicadores importantes para a segurança gaúcha é fruto de integração e esforço constante, na análise do chefe de Polícia Civil do Estado, delegado Fernando Sodré.
Ele acredita que a Polícia Civil cumpre sua missão na melhora gradual da segurança da população e das instituições tanto no trabalho diário quanto nas grandes operações planejadas entre diferentes agentes públicos.
Na visão de Sodré, a queda nos números de roubos a veículos e roubos a pedestres deve ser celebrada assim como a redução de latrocínios e feminicídios, pois os assaltos tem "letalidade em potencial".
Por outro lado, ele destaca que o aumento de homicídios tem influência direta na atuação do tráfico de drogas, que também é foco de ação das forças de segurança.
O delegado projeta que o segundo semestre seja de ainda melhores números em relação aos feminicídios e outros tipos de violência contra mulher, principalmente quando as estruturas físicas e dinâmicas de atendimento receberem as qualificações pretendidas para os próximos meses:
— Temos que trabalhar na educação, prevenção e punição dos agressores. Estamos trabalhando na instalação da segunda delegacia da mulher, uma estrutura física que qualifica o atendimento, assim como fizemos ampliando o plantão da Delegacia de Atendimento a Mulher na Capital. É preciso dar uma resposta mais rápida para a vítima e principalmente ao agressor, com representação judicial.
Brigada Militar aponta para a reincidência
Para o comandante da Brigada Militar no Estado, coronel Cláudio dos Santos Feoli, os números do primeiro semestre são um motivo para que cada soldado e membro da corporação reconheça o bom trabalho resultado dos esforços diários. Ele projeta uma melhora contínua do cenário para o segundo semestre, e destaca o impacto das novas tecnologias de monitoramento em tempo real nas estatísticas divulgadas pela SSP.
Com a maior proximidade que as polícias têm dos condenados por violência doméstica usando tornozeleira eletrônica, crescem as ocorrências de agressões e ameaças, justifica Feoli. Tanto nos feminicídios tentados e nos homicídios, em alta, quanto nos latrocínios, um dos trunfos para combater a criminalidade está no mapeamento geográfico de onde as ocorrências estão concentradas.
— Alocamos recursos extras, como as tropas de choque e o Bope, para que nós possamos conter os locais onde acontecem mais homicídios, principalmente os reincidentes. Entendemos que uma medida necessária seria a mudança na legislativa. Que ela não permita mais, ao indivíduo que cometeu crimes violentos, ser liberado por liberdade provisória — sugere o comandante da BM.