Imagens feitas de dentro de um ônibus mostram parte da troca de tiros entre policiais militares e um grupo durante perseguição na noite de quinta-feira (4), na zona sul de Porto Alegre. A ação aconteceu por volta das 20h, quando indivíduos em um veículo efetuaram disparos em direção a casas no Beco do Adelar. A Brigada Militar (BM) foi acionada e passou a perseguir o carro.
Na gravação, feita de dentro do ônibus, é possível ouvir os sons dos disparos e ver policiais militares do lado de fora. Os passageiros do coletivo se abaixam e gritam quando escutam os tiros — nenhum ocupante ficou ferido.
No confronto entre o grupo e a BM as quatro pessoas que estavam no veículo morreram. Um quinto ocupante do carro conseguiu fugir do local. Um brigadiano ficou levemente ferido e não corre risco de morrer. O caso é investigado pela Polícia Civil.
Os mortos foram identificados como Kelly Balbina Fagundes Jauris, 40 anos, Jair Ramos da Paixão Junior, 19, Denílson dos Santos Rodembuch, 22, e João Vitor Chaves Figueira, 21.
A ocorrência começou com os disparos, de dentro do veículo, feitos contra as residências no Beco do Adelar, no bairro Aberta dos Morros. Segundo a Brigada Militar, moradores acionaram as equipes em razão do tiros. Uma guarnição foi deslocada e passou a perseguir o veículo, um Meriva, na altura da Avenida Juca Batista, nas proximidades da Estrada Cristiano Kraemer. O carro era roubado e possuía placa clonada.
Conforme a BM, na tentativa de abordagem, os tripulantes do Meriva reagiram e dispararam contra a viatura, que revidou. A perseguição continuou e, durante a fuga, o veículo acabou derrapando na pista, subiu calçada e colidiu em um muro, poucos metros depois da rótula com a Rua Cirino Prunes, entre os bairros Espírito Santo e Ipanema, no sentido bairro-Centro.
Os cinco ocupantes teriam saído do veículo e trocado tiros com a BM, na tentativa de fugir, segundo a corporação. Quatro deles foram baleados e um conseguiu escapar. Segundo a BM, os baleados chegaram a ser levados para o hospital, mas não resistiram. As mortes foram confirmadas por volta das 22h de quinta.
Com o grupo os policiais encontraram três pistolas e um revólver 38, além de munição e carregadores.
— Não localizamos nenhum ferido (no Beco do Adelar), nem danos em residência. Pode ser que o alvo deles tenha conseguido fugir. Mas também é possível que tenham feito disparos no Beco do Adelar para atrair a polícia até ali e, depois, realizar o real ataque em outro ponto. Pode ter sido uma estratégia deles. Acreditamos que iriam fazer um segundo ataque em razão da quantidade de munição encontrada com o grupo. Mesmo após toda a troca de tiros com a BM, eles ainda possuíam mais 70 munições — afirma o comandante do 1º Batalhão de Polícia Militar, major Márcio Luiz da Costa Limeira.
Ainda conforme Limeira, um dos mortos — Rodembuch — estava foragido. A perícia foi chamada no local e o carro foi recolhido para análise.
Inquérito-policial militar também foi aberto
Um inquérito-policial militar (IPM) foi aberto pela BM para investigar a conduta dos PMs que atuaram na ação. A abertura desse procedimento é padrão em casos que resultam em morte durante o exercício profissional dos policiais.
De acordo com o major Limeira, os policiais efetuaram disparos contra o grupo para tentar conter a ação e de se defenderem.
— A ação foi filmada por diversas pessoas, é possível ter uma noção do que ocorreu. Tudo leva a crer que os policias tiveram que fazer a intervenção para evitar que os criminosos acabassem baleando outras pessoas. Quando bateram o carro no muro, não tiveram opção se não descer do veículo para tentar fugir, e saíram atirando, colocando em risco as pessoas que passavam por ali. Os policiais reagiram para salvar a si mesmos e as pessoas na volta — avalia o major.
Grupo iria executar rivais, diz Polícia Civil
De acordo com a Polícia Civil, a principal linha de investigação aponta que o grupo estaria na região para executar indivíduos de uma facção rival ou para cobrar dívidas relacionadas ao tráfico.
— O "modus operandi" desse grupo é semelhante a outros vistos desde o início do ano na região. Ocupantes de um carro atiram contra rivais. Dessa vez, se depararam com a Brigada Militar, tentaram matar os policiais e acabaram mortos — pontuou o delegado Mario Souza, diretor do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
As equipes analisam imagens feitas por pessoas que estavam no local no momento da ocorrência e também buscam vídeos de câmeras de segurança da região, na tentativa de entender a dinâmica do fato. O caso fica a cargo da 6ª Delegacia de Homicídios da Capital.