O advogado do homem preso preventivamente por arrastar um cachorro amarrado a uma Kombi em Canoas, na Região Metropolitana, disse que o animal estava morto no momento do fato e que a ação foi feita por medo de contaminação. O episódio ocorreu na última terça-feira (25) e foi descoberto após um vídeo circular nas redes sociais. A prisão do suspeito, de 75 anos, foi feita pela 4ª Delegacia de Polícia de Canoas na sexta-feira (28).
— Ele falou que o cachorro já estava morto e em estado de putrefação quando o encontrou embaixo da Kombi. Meu cliente não quis botar a mão para não se contaminar, então amarrou o cachorro e foi arrastando para enterrar. Ele é uma pessoa de idade, toma medicação, mora há anos ali, é incapaz de fazer mal para um animal — afirma Antônio Ricardo Garlet, advogado do suspeito.
Garlet diz que fez um pedido de perícia à Justiça com objetivo de descobrir a causa da morte do animal e há quanto tempo o óbito havia ocorrido, para “provar que o cachorro já estava morto quando foi arrastado”. O advogado também discorda da prisão preventiva feita pela polícia.
— Antes da prisão, estive na delegacia e falei para um policial que meu cliente queria se apresentar. Fiquei aguardando o retorno. E, para nossa surpresa, ele foi preso em casa — acrescenta.
Segundo a delegada Tatiana Bastos, responsável pela investigação, não é possível descobrir a causa da morte do animal tampouco o momento do óbito por conta do avançado estado de decomposição no qual o cão foi encontrado.
— Vivo ou morto, ele (o suspeito) praticou maus-tratos, porque não comprova, em nenhum momento, qualquer tipo de cuidado com o cachorro. O fato de ele ter arrastado, por mais que choque, não muda a configuração do crime: um animal sofreu maus-tratos e foi a óbito, essa é a tipificação. Arrastar o animal é só mais um elemento de perversão — diz.
Sobre o pedido de prisão preventiva do idoso, a delegada afirma que agentes foram ao endereço do homem, no bairro São Luís, para a intimá-lo sobre o episódio. O suspeito, porém, teria dificultado o trabalho policial.
— Ele se trancou em casa e não nos atendeu para que fosse intimado de sua oitiva. Depois, quando o advogado esteve na delegacia, já estávamos com as ordens judiciais representadas, que foram deferidas no mesmo dia. No dia seguinte, acabamos cumprindo duas ordens judiciais: mandado de busca e apreensão, para verificar a situação dos outros dois cães da casa, e de prisão preventiva, por conta da gravidade dos fatos, por não colaborar com a polícia, e pelo perfil dele, que tem diversos antecedentes por violência doméstica — acrescenta a delegada.
Segundo Tatiana, o inquérito do caso será concluído em até 10 dias após a prisão preventiva do idoso, que é investigado por maus-tratos a animais e poluição ambiental, por ter levado o cão a um descarte irregular de lixo no bairro São José.
Os dois cachorros resgatados durante cumprimento das ordens judiciais foram recolhidos pela prefeitura e encaminhados para atendimento veterinário. Um laudo identificará se os cães eram vítimas de maus-tratos.