No quarto dia de audiências sobre o Caso Mirella, realizadas na 3ª Vara Criminal de Alvorada, na Região Metropolitana, uma das testemunhas de defesa não compareceu nem foi localizada pelo oficial de Justiça que foi buscá-la em casa. Com isso, a sessão desta quinta-feira (27) foi encerrada depois de sete depoimentos, e a nova audiência de instrução e julgamento foi remarcada para 5 de maio, às 14h, no mesmo local.
Samuel Carvalho Antunes é testemunha arrolada pela defesa do réu Anderson Borba Carvalho Júnior, 27 anos, que levou a enteada, de três anos, já sem vida até uma unidade de saúde de Alvorada, em 31 de maio de 2022. Ele seria conhecido de Anderson e da mãe da menina, Lilian Dias da Silva, 24 anos, que também é ré. Antunes, inclusive, teria visto a criança amarrada.
Agora, a defesa tem cinco dias para apresentar o novo endereço do depoente, que não atendeu às ligações e não respondeu às mensagens dos advogados. Caso contrário, a prova será anulada.
A mãe e o padastro de Mirella são acusados de tortura com resultado em morte. A perícia apontou que a menina foi vítima de hemorragia abdominal causada por "instrumento contundente". Também é réu no processo Leandro Brandão, conselheiro tutelar que responde em liberdade pelos crimes de omissão, falsidade ideológica e falso testemunho.
Ao maioria dos depoimentos desta quinta-feira foi de pessoas chamadas pela defesa de Brandão. Entre elas, estavam cidadãos já atendidos pelo conselheiro, profissionais de saúde e colegas de trabalho.
O depoimento que mais se estendeu foi o da agente de saúde Carla Rosane Silveira Alves, ouvida pela defesa de Anderson — ela diz conhecer o réu há mais de 10 anos. Carla levou Mirella com o padrasto e a avó até a Estratégia Saúde da Família (ESF) Jardim Aparecida, onde trabalha. A testeminha afirmou que Anderson permaneceu calado durante todo o tempo em que a enteada era atendida, mas que essa era uma característica pessoal dele.
Sobre o temperamento do réu, comentou que era um pai presente para os filhos do relacionamento anterior, mas que não podia afirmar com ele se comportava com Mirella. No entanto, Carla disse ter conhecimento de que Anderson teve um relacionamento abusivo com outra mulher, que não Lilian.
A agente de saúde disse que passava pela rua quando foi chamada pela avó de Mirella, mãe de Anderson, para ajudar. A avó, segundo Carla, relatou que a neta havia caído durante o banho e estava convulsionando. Naquele momento, Mirella estaria com roupas, no sofá.
— Ela estava cheia de hematomas. Quando eu vi a criança, ela estava muito machucada. A doutora que atendeu ela disse para ligarmos para a polícia e para o conselho tutelar, antes mesmo de tocarmos nela — relatou a agente.
Uma médica que atendeu a criança no dia anterior ao óbito iria depor nesta quinta-feira, mas foi dispensada pelo Ministério Público porque mora nos Estados Unidos e foi considerada secundária para o processo.
Foi acordado que o debate oral entre os advogados de defesa e a acusação será substituído pela entrega de documentos, chamados "memoriais", em até 10 dias após o último dia de audiência.
O juiz Alexandre Fonseca terá, então, 30 dias para apresentar a sentença.