A Polícia Civil investiga as circunstâncias da morte do soldado Roniclei Luciano Graef Cipolato, 46 anos, durante operação na zona norte de Porto Alegre, na noite de sábado (25). O brigadiano participava de uma ação para coibir o crime organizado no bairro Costa e Silva quando foi baleado e não resistiu. Nesta segunda-feira (27), as equipes realizam diligência para esclarecer o caso. Até o momento, ninguém foi preso.
De acordo com a polícia, imagens de câmeras de monitoramento da região foram obtidas e estão sendo analisadas. A expectativa é de que elas ajudem a entender a dinâmica da ação que causou a morte de Cipolato. Laudos do Instituto-Geral de Perícias (IGP) também são aguardados.
Conforme o diretor do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), delegado Mario Souza, as equipes também irão esclarecer de onde partiu o tiro que atingiu o soldado.
— No começo de uma investigação por homicídio, não se descarta nenhuma possibilidade. Mas, neste momento, a informação de que ele foi baleado por um colega não procede. Claro que tudo ainda é muito preliminar. Estamos em diligências e é preciso aguardar o andamento da investigação. Esse trabalho é feito sob sigilo, para não ser prejudicado. O que quer que tenha ocorrido naquele momento será apurado, e todos os indivíduos envolvidos serão responsabilizados.
O delegado destacou ainda que este é um caso "sensível" e afirmou que a Polícia Civil lamenta a morte do brigadiano.
No sábado, a ocorrência foi atendida pelo delegado Thiago Zaidan, que estava no plantão de Homicídios. Ele afirmou que foram feitas perícias no local e tomados os relatos iniciais de PMs que estavam na ação. Ele ficará responsável pela investigação, atribuída a 3ª Delegacia de Homicídios da Capital.
A Brigada Militar também irá investigar o caso, por meio de um inquérito policial militar(IPM), que apura a atuação de PMs em serviço. O prazo de conclusão é de 40 dias.
PM estava no telhado
Conforme a BM, por volta das 20h de sábado, Cipolato e um colega — ambos da Seção de Inteligência — estavam em uma ação discreta, que visa coibir o tráfico de drogas e homicídios na região. Viaturas ostensivas estariam nas proximidades para dar apoio.
Cipolato e o colega teriam avistado dois suspeitos armados e tentaram a abordagem. Um criminoso fugiu por cima de um telhado, sendo perseguido por Cipolato. Neste momento, o PM foi atingido na aorta. Como os criminosos seguiam atirando, demais policiais tiveram dificuldade para resgatar o colega, segundo a ocorrência. Foram feitas tentativas de reanimação, mas o soldado não resistiu ao ferimento.
A região onde a morte ocorreu é conhecida, segundo autoridades, pela intensa movimentação de traficantes e pelo alto índice de assassinatos. Criminosos circulam com armas de forma ostensiva, fazendo a "segurança" em bocas de fumo.
Após o caso, um criminoso armado foi capturado. No entanto, ele não teria envolvimento com a morte e foi preso por porte ilegal de arma de fogo.
Despedida
O enterro do soldado ocorreu no domingo (26), às 17h, em Capela de Santana, após velório que reuniu familiares e amigos. Cipolato estava na BM desde 2004 e atuava na Seção de Inteligência do 20º Batalhão de Polícia Militar (20º BPM). Ele deixa quatro filhos.
O secretário da Segurança Pública do Estado, Sandro Caron, que acompanha o caso desde a noite de sábado, viajou para participar do velório do PM. Caron disse ter solicitado prioridade na investigação do crime.
O governador Eduardo Leite e o vice Gabriel Souza lamentaram a morte do PM no Twitter.