A Polícia Civil indiciou nesta semana por peculato — subtração ou desvio de dinheiro público por servidor público — o gerente da Caixa Econômica Federal de Viamão. A pena prevista para este crime, em caso de condenação, é de dois a 12 anos de prisão e multa. O suspeito teria desviado o saque-aniversário do FGTS de pelo menos 60 vítimas em todo o Brasil, incluindo de jogadores da dupla Gre-Nal.
Apesar de a polícia não divulgar, GZH identificou que o indiciado é Jean Vinícius de Freitas, 41 anos.
O bancário, que foi preso e solto logo em seguida, ainda em dezembro do ano passado, retirava R$ 1 mil de cada beneficiário para não chamar atenção. Os investigadores acreditam que o número de vítimas seja bem maior do que o total apurado até agora, assim como o valor, não descartando que chegue até R$ 400 mil. A Polícia Federal (PF) também passou a investigar o caso.
O indiciamento, com base em depoimentos e provas — a maioria delas do setor antifraude do banco — e imagens, é de responsabilidade do titular da 2ª Delegacia de Gravataí, delegado Guilherme Calderipe. Ele investigou o caso porque as primeiras pessoas lesadas são da cidade.
Segundo o policial, também houve saques em agências de Porto Alegre e em Viamão, como no dia em que foi preso em flagrante. Na ocasião, o investigado estava com R$ 5 mil nos bolsos das calças e do paletó após ter retirado dinheiro de um caixa eletrônica da agência da qual era gerente em dia 14 de dezembro de 2022. O inquérito foi finalizado e Calderipe contabilizou pelo menos 60 vítimas, entre elas, o zagueiro Geromel, do Grêmio, e David, ex-jogador do Inter.
— O problema é que muitas pessoas ainda não sabem que foram lesadas e por isso orientamos que verifiquem os saldos do FGTS sobre eventuais saques que não tenham feito e procurem a Caixa e registrem ocorrência na polícia — diz Calderipe.
Investigação federal
A investigação continua por parte da Polícia Federal. Como há vítimas em todo o Brasil e estima-se que os valores ultrapassem R$ 400 mil, a Justiça Federal solicitou que a instituição também instaurasse um inquérito. A Delegacia Fazendária já efetuou várias diligências, como troca de informações com a Polícia Civil, ouviu vítimas e o próprio suspeito e apreendeu e analisou documentos. No entanto, não repassou mais detalhes sobre a apuração.
Informações podem ser fornecidas pelo telefone, com WhatsApp e Telegram, da 2ª Delegacia de Gravataí: (51) 98444-0606. Na PF, os contatos podem ser feitos pelo telefone (51) 3235-9000, que é o da superintendência em Porto Alegre.
Contraponto
O que diz Jean Vinícius de Freitas
GZH procura desde quarta-feira (1º) para contraponto uma advogada que se apresentou como representante do bancário na 2ª Delegacia de Gravataí, segundo Calderipe. Mas ela não disponibiliza telefone e endereço no site da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no Rio Grande do Sul. A reportagem também tentou contato por um número de celular e um telefone fixo de um endereço, que foi obtido junto a outros advogados como sendo do escritório dela, na zona norte da Capital, mas ainda aguarda retorno.
O que diz a Caixa
A Caixa, que informou anteriormente estar ajudando nas investigações e que também instaurou procedimento interno, enviou nova nota para a imprensa.
Leia a nota na íntegra:
“A CAIXA informa que atua conjuntamente com os órgãos de segurança pública nas investigações e operações que combatem fraudes e golpes, sendo as informações de suspeitas consideradas sigilosas, com repasse exclusivamente à Polícia Federal e demais órgãos competentes, para análise e investigação. Em relação ao caso citado, a Caixa informa que foi instaurado processo de apuração de responsabilidade disciplinar e civil, cujo conteúdo também é considerado sigiloso”