A Polícia Civil do Distrito Federal (DF) começou a desvendar parte de uma história que envolve o desaparecimento de 10 integrantes da mesma família. Na tarde de terça-feira (17), policiais da 6ª DP do Distrito Federal, em Paranoá, prenderam em flagrante dois homens, de 56 e 49 anos, pelos crimes de extorsão qualificada pelo resultado morte e associação criminosa. Eles seriam responsáveis pelos seis corpos que foram encontrados carbonizados entre sexta-feira (13) e sábado (14). As vítimas estavam dentro de carros que pertenciam a duas das pessoas que são do grupo de desaparecidos.
Os homens presos na terça-feira são Horácio Carlos Ferreira Barbosa, que confessou ter recebido dinheiro para assassinar a família, e Gideon Batista de Menezes. Nesta quarta (18), foi confirmada a prisão de mais um envolvido, realizada na noite de terça. Trata-se de Fabrício Silva Canhedo, 34 anos, que teria participado da vigilância das vítimas enquanto eram mantidas em cárcere privado em Planaltina, também no DF.
— A investigação constatou que os presos participaram da ação criminosa e que a finalidade do crime foi subtrair valores das vítimas. Durante a prisão, foram encontrados R$ 10 mil com os autuados, os quais teriam recebido R$ 100 mil pela prática criminosa — afirmou o delegado-chefe da 6ª DP, Ricardo Viana.
Os criminosos teriam sido contratados por Thiago Gabriel Belchior de Oliveira, 30 anos, e por Marcos Antônio Lopes de Oliveira, 54, que são o marido e o sogro da cabeleireira Elizamar Silva, 39 anos, uma das desaparecidas.
De acordo com o delegado, após a prisão, um dos presos indicou a participação de ambos nos dois crimes citados.
— Portanto, os dois (Thiago e Marcos) que estariam constando como desaparecidos teriam tido participação efetiva no crime e depois fugido do Distrito Federal. As investigações continuam com o intuito de verificar a versão apresentada, isto é, se Marcos e Thiago estão vivos e se realmente foram coautores do hediondo crime— disse Viana.
Ainda de acordo com a investigação, existe a suspeita de que eles tenham fugido com uma mulher, que seria amante de Marcos, e a filha dela. As duas também estão na lista de desaparecidos.
Entenda o crime
A empresária Elizamar foi vista pela última vez na quinta-feira (12). Junto com três filhos menores do casal — um menino de sete anos e os gêmeos de seis anos —, ela foi à cidade de Paranoá para se encontrar com Thiago, que estava na casa dos pais dele. No dia seguinte, o carro de Elizamar foi encontrado carbonizado com quatro corpos dentro. O veículo estava em Cristalina, Goiás.
A Polícia Civil relatou que Horácio confessou que a ideia era atrair Elizamar ao Paranoá para que o crime fosse cometido. No entanto, Thiago, o marido da cabeleireira — que pediu para a mulher buscá-lo na região — não sabia que ela estava com as crianças.
— Por conta disso, a dinâmica do crime mudou — explicou o delegado.
Segundo ele, o objetivo era subtrair uma quantia em dinheiro que a mulher guardava em uma conta bancária e matá-la, em seguida.
Como as crianças estavam no carro, Marcos Antônio (avô das crianças), Thiago (pai das crianças), Gideon e Horácio (os homens contratados para cometer o crime) levaram as vítimas para Cristalina. No local, todos foram sufocados, e os criminosos colocaram fogo no veículo, segundo o depoimento do suspeito.
De acordo com o delegado, Horácio afirmou que Elizamar tentou resistir, mas foi enforcada. Segundo o suspeito, Thiago teria matado um dos próprios filhos antes de atear fogo no carro da família.
No sábado, o carro de Marcos Antônio, pai de Thiago, também foi encontrado carbonizado com mais dois corpos dentro, na cidade de Unaí, em Minas Gerais. Há chances de os restos mortais serem da sogra e cunhada de Elizamar, mãe e irmã de Thiago. Nenhuma das vítimas, contudo, teve a identidade confirmada ainda pelo Instituto Médico-Legal (IML).
Na noite de terça-feira, o delegado Viana já havia dito que Thiago e Marco Antônio eram os principais suspeitos de serem os mandantes dos assassinatos de Elizamar, dos três filhos dela (que também são filhos de Thiago e netas de Marco Antônio), e da sogra e cunhada da empresária.
Os presos foram encaminhados à carceragem do Departamento de Polícia Especializada (DPE) para posterior audiência de custódia. O caso está sendo apurado pelas polícias civis do DF, de Goiás e de Minas.