Nesta semana três mortes foram registradas na mesma rua no bairro Triângulo, em Carlos Barbosa. Na via sem saída, denominada Luiza Sassi Nicola, sete residências de madeira estão construídas. Em uma delas ocorreram as mortes, Douglas Eduardo Canal, 20 anos, foi morto a tiros na segunda-feira (16) e na terça (17) foram mortos os cunhados Luciano Gonçalves de Souza, 34, e Eduardo José de Souza, 38.
O tenente-coronel Artur Marques de Barcellos, comandante do 3º Batalhão de Áreas Turísticas, destaca que a Brigada Militar já está desenvolvendo ações de caráter preventivo e investigativo, a partir dos últimos fatos inesperados.
De acordo com Barcellos, efetivos da Força Tática da sede em Bento Gonçalves, já foram enviadas para Carlos Barbosa. Ainda, há expectativa de nos próximos dias ocorrer reforço do 4º Batalhão de Choque de Caxias do Sul e do Batalhão Aéreo da Brigada Militar.
— Essa prática auxilia na identificação de locais conflagrados, a nossa mobilização é no sentido de primeiro identificar essa situação, tentar descobrir os reais motivos, para gente poder trabalhar em cima da causa desses índices.
O tenente-coronel salientou que a população não precisa ficar em pânico com a violência em Carlos Barbosa. De acordo com ele, esses crimes foram pontuais, com uma causa que será esclarecida pela Polícia Civil.
— Tivemos nessas situações, pontualmente, situações ligadas a execuções, então, tiveram uma causa que está sob competência da Polícia Civil, que está sob investigação, claro, mas tem uma causa certa e definida. Então, não foi do acaso o acontecimento desses homicídios.
O delegado responsável pela investigação na Polícia Civil, Marcelo Ferrugem, acredita que as duas mortes registradas na terça foram em retaliação ao assassinato de Canal, na segunda.
Familiares de vítimas de duplo homicídio estão com medo de retornar para casa
Os moradores da Rua Luiza Sassi Nicola que, em sua maioria, são familiares das duas últimas vítimas, também acreditam que o crime foi em retaliação a primeira morte. Segundo um familiar, que preferiu não se identificar, Canal seria envolvido com uma facção. Cerca de um mês ele residia numa das casas de madeira e vendia entorpecentes. Após a morte dele, os familiares acreditam que quatro homens ligados a essa facção associaram os cunhados, assassinados nesta terça, como responsáveis pela morte do comparsa.
Além de atacar as vítimas a tiros e incendiar parcialmente a casa e um dos corpos, os quatro criminosos atiraram contra outras duas casas na vizinhança, para amedrontar as famílias. A casa do pai de uma das vítimas, por exemplo, foi alvejada por 10 disparos. Em nenhuma delas houve pessoas atingidas.
Em conversa com os moradores, dois deles salientaram que vão continuar morando no local, não se envolveram nos fatos e preferem se manter alheios a situação. Já a moradora ao lado da residência parcialmente incendiada, ainda não voltou para casa. Segundo o filho, ela está com receio de retornar e ser atacada novamente. Um dos vizinhos, familiar das vítimas, está organizando a mudança e pretende sair do bairro em breve.
Carlos Barbosa já registra quatro mortes violentas neste primeiro mês do ano. No dia 6 de janeiro, o corpo de Diego da Silva Mota, 32, foi encontrado queimado em uma estrada na localidade de Forromeco. No dia 16, houve a morte de Douglas Eduardo Canal, 20, e no dia 17, ocorreram as mortes de Luciano Gonçalves de Souza, 34, e Eduardo José de Souza, 38. Durante todo o ano de 2022, a cidade havia registrado cinco crimes contra a vida.