O Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS), por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado, deflagrou nesta sexta-feira (2) uma operação contra possíveis crimes de estelionato e lavagem de dinheiro em prejuízo da cooperativa de laticínios Cosulatti, que tem sede em Pelotas. Com apoio da Brigada Militar, são cumpridos cinco mandados de busca e apreensão em quatro endereços residenciais em Pelotas e um comercial em Capão do Leão.
A investigação teve início há três anos, a partir de representações protocoladas no MPRS que apontaram possível apropriação de valores da cooperativa por um ex-diretor-presidente. Considerado o principal alvo da operação, ele permaneceu à frente da cooperativa até o desencadeamento de um processo de liquidação extrajudicial. O nome do suspeito não foi divulgado.
Conforme o Gaeco, os crimes causaram prejuízo de cerca de R$ 60 milhões à associação. Além do ex-diretor, há outros três alvos da operação. Imóveis destes suspeitos, avaliados em valor semelhante ao prejuízo supostamente causado, foram bloqueados.
O Ministério Público constatou que a cooperativa enfrentou grande endividamento durante a gestão deste ex-diretor, que se estendeu por mais de duas décadas. O MP afirma que a situação era gerada de forma intencional e ocultada dos cooperados.
Além disso, o ex-diretor teria destinado valores da empresa para pagamentos de despesas particulares, dele e e de familiares, além de depósitos na conta bancária pessoal ou a empreendimentos da família dele.
Um dos negócios considerados suspeitos pelo MP foi realizado em 2015. Segundo a investigação, a cooperativa comprou 1.710 vacas de uma fazendo ligada à família do ex-diretor, mas recebeu apenas 816.
Considerada a maior cooperativa de laticínios do sul do Estado, a Cosulatti foi criada na década de 1970. A empresa chegou a envolver, direta e indiretamente, cerca de 25 mil famílias do sul do Estado. Os associados da Cosulati residem em 45 municípios da região. As instalações industriais localizam-se em três municípios: Capão do Leão, Morro Redondo e Canguçu. Atualmente, a empresa tem produção muito menor e reduziu drasticamente o quadro de funcionários.
A reportagem de GZH tenta contato com a Cosulatti, para posicionamento sobre a operação, mas não teve retorno até esta publicação.