A Polícia Civil descobriu que há jogadores de futebol entre as vítimas que teriam tido o saque-aniversário do FGTS desviado por um gerente da Caixa Econômica Federal. O suspeito foi detido em flagrante semana passada, quando sacava indevidamente R$ 5 mil em um caixa eletrônico da agência de Viamão, onde trabalhava.
O titular da 2ª Delegacia de Gravataí, delegado Guilherme Calderipe, confirmou no fim de semana que foi retirado mais de R$ 55 mil de 56 correntistas, o que equivale a cerca de R$ 1 mil de cada um. Os saques, conforme a polícia, foram feitos em apenas 15 dias, entre 30 de novembro e 14 de dezembro, data em que houve a prisão. A investigação apontou que a maioria dos lesados pelo gerente foi ou ainda atua como atleta profissional. Entre os nomes confirmados pela apuração estão Geromel, do Grêmio, e David, do Inter.
Além dos dois atletas da dupla Gre-Nal, há outros que atuam em clubes de São Paulo e do Rio de Janeiro, brasileiros que estão na Europa, que jogaram até pela Seleção e alguns que estão em times do interior gaúcho. Além deles, há atletas que já se aposentaram. Calderipe ressalta que já confirmou o saque indevido, mas que está entrando, na medida do possível, em contato com as vítimas — diretamente com elas ou via assessores e empresários — para verificar se já sabem que foram lesadas.
— Estou tentando ouvir pelo menos alguns deles, já que são muitos. O objetivo é pedir que os jogadores confirmem por escrito, para fins de registro de ocorrência, que tiveram parte do FGTS sacado — explica Calderipe.
A ideia do delegado também é saber se os atletas tinham alguma relação com o suspeito, já que chama a atenção o fato de que grande parte dos lesados atuar como jogador de futebol. Calderipe quer saber se por algum motivo eles passaram seus números de CPF para o investigado.
Na tarde desta terça-feira (20), a equipe esteve no Vila Ventura Ecoresort, em Viamão, onde os atletas do Inter estão hospedados, para ouvir David. Em depoimento, o atleta disse não conhecer o investigado, e garantiu desconhecer qualquer tipo de saque indevido. Outros jogadores já estão sendo procurados e devem ser ouvidos nos próximos dias.
Investigação
O gerente da Caixa em Viamão, de posse do CPF da vítima, gerava um código para saque em caixa eletrônico de até R$ 1 mil. Depois, ele mesmo pegava os valores. Conforme a polícia, os saques eram realizados quase sempre em agências de Viamão, de Gravataí – onde ele reside – e de Porto Alegre. No dia em que foi preso, além de ter sacado R$ 5 mil de cinco beneficiários, tinha em mãos uma lista com um total de 25 pessoas de várias partes do Brasil.
A polícia informou que, ao ser detido com dinheiro nos bolsos das calças e do paletó, ele apenas se restringiu em dizer que investia em criptomoedas. O valor total do golpe, segundo a investigação, pode chegar a R$ 400 mil, envolvendo centenas de vítimas, o que ainda está sendo contabilizado pela investigação.
O nome do preso não está sendo divulgado porque a apuração continua. Mesmo assim, GZH tenta com a Polícia Civil o contato do advogado do preso para contraponto.
Informações podem ser obtidas e registro de ocorrências ser feitos também pelo telefone, com WhatsApp e Telegram, da 2ª Delegacia de Gravataí: (51) 98444-0606.
Jogadores
GZH entrou em contato com empresários e assessores de Geromel e David, além de Edilson, que jogou no Grêmio no ano passado. Ele, que não renovou contrato e está sem clube no momento, não quis se manifestar sobre o fato. Apenas ressaltou que a polícia entrou em contato com o seu advogado. Por meio de mensagem, assessoria de David apenas informou que ele não sabia do saque indevido. Até as 11h30min, a reportagem aguardava retorno dos representantes de Geromel.
O Grêmio, por meio da sua assessoria de imprensa, informou que está ciente do fato e que não tem razão para se manifestar pelo fato de ser um caso particular. A assessoria do Internacional também informou que não irá se manifestar,
Leia a nota da Caixa na íntegra
"A Caixa informa que atua conjuntamente com os órgãos de segurança pública nas investigações e operações que combatem fraudes. Ressalta ainda que monitora ininterruptamente seus produtos, serviços e transações bancárias para identificar e investigar casos suspeitos.
Por fim, o banco esclarece que informações sigilosas sobre eventos criminosos em suas unidades são repassadas exclusivamente às autoridades policiais e ratifica que coopera integralmente com as investigações dos órgãos competentes."