O ex-vereador de Cachoeirinha Manoel D'Ávila é um dos 15 presos nesta segunda-feira (12) na Operação Consortium, deflagrada contra traficantes que criaram um "consórcio" de facções para trazer do Paraguai seis toneladas por mês de maconha ao Rio Grande do Sul. De acordo com a Polícia Civil, ele é investigado por associação ao tráfico por suspeita de alugar um sítio onde parte da droga era descarregada na Região Metropolitana.
D'Ávila teve prisão temporária decretada e foi localizado no mesmo sítio de Cachoeirinha onde já havia sido preso, em dezembro de 2020. Na época, quando ainda era vereador do município, ele foi detido pelo Departamento de Investigações do Narcotráfico (Denarc) por estar no local onde a polícia apurou que havia 800 quilos de drogas.
Em março de 2021, o investigado foi solto pela Justiça. Procurada por GZH, a defesa afirmou que está se inteirando da nova investigação para emitir uma nota à imprensa, mas alega que há dois anos colabora com a apuração e que a situação financeira do ex-vereador é a principal prova de que ele não tem ligação com o tráfico.
— A gente pode deixar bem claro, bem certo, é que ele não tem envolvimento nessas acusações. Desde o início, nunca foi comprovado, nunca foi apontado, qualquer valor que ele tenha ganho para isso — disse o advogado Antenor Colombo Neto.
O titular da 3ª Delegacia do Denarc, delegado Gabriel Borges, diz que, mais uma vez, D'Ávila estaria alugando a propriedade rural para que a droga, transportada em meio a cargas de milho e açúcar em carretas, fosse descarregada. Este seria um dos vários sítios investigados pela mesma prática na Região Metropolitana.
O responsável pela prisão foi o atual diretor de Investigações do Denarc, delegado Alencar Carraro, o mesmo que prendeu D'Ávila dois anos atrás. O policial afirma ter imagens de um caminhão conduzindo maconha para o sítio alugado pelo ex-vereador. Um dos trabalhos agora é verificar o responsável pelo local e como o investigado estaria gerenciando a propriedade.
— É uma investigação robusta, e não nos resta dúvida de que ele estava como responsável pelo local e que estava associado ao tráfico. A área seria, inclusive, para tratamento de jovens e crianças portadores de necessidades especiais, o que nunca ocorreu — diz Carraro.
D'Ávila foi preso, tanto agora quanto há dois anos, na mesma área onde estava previsto um Centro de Zooterapia e Ecoterapia Metropolitano voltado ao atendimento de crianças com síndrome de down, autistas, portadores de limitações físicas e idosos em Cachoeirinha.